Uma grande amiga das mulheres! - 13 de dezembro 2011

sexta-feira, 06 de abril de 2012

Depois de algumas notícias que apareceram em nos meios de comunicação, alertando sobre riscos para mulheres usuárias de pílulas anticoncepcionais, eu—e acredito que outros médicos também—tive que responder a muitas perguntas de gente preocupada com o assunto.

Por longos anos, a vida sexual das mulheres foi como andar numa corda bamba, ou como muitas delas preferiam dizer, caminhar na beira do abismo.

O risco de uma gravidez não desejada, principalmente em tempos de uma moralidade extremamente severa, transformava a vivência do amor e da sexualidade feminina numa experiência completamente imprevisível.

Era coisa mais do que comum famílias com doze ou mais filhos, e mães precocemente envelhecidas, a maioria com sérios problemas nos seus órgãos genitais.

Algumas das ocorrências mais frequentes eram úteros e bexigas “arriadas”, como se dizia na época. Incontinência urinária era uma queixa que os médicos ouviam todos os dias nos ambulatórios.

As mulheres não tinham o menor controle sobre sua vida reprodutiva. Sexo era quase sempre sinônimo de gravidez.

Os métodos para evitar filhos eram muito precários, e fora do alcance financeiro da maioria das famílias. As camisinhas, feitas de tecido impermeabilizado, eram caras e de eficácia duvidosa.

As coisas eram realmente difíceis para as mulheres.

A libertação completa do sexo feminino, sexo sem risco de engravidar, aconteceu por volta da década de cinquenta, quando os norte-americanos lançaram a primeira pílula anticoncepcional do mundo. Foi uma tremenda revolução que em poucos anos se espalhou por todo o mundo.

Desde aquele ano, até nossos dias, a pílula tem sido a grande amiga da mulher.

Possibilitou o exercício de uma sexualidade sem riscos de uma gravidez indesejada, regulou a menstruação de milhares de jovens, tratou e melhorou a pele de adolescentes que sofriam de espinhas que mutilavam seus rostos, acabou com as cólicas de milhões delas.

Em que pese os danos que certamente causou a muitas mulheres por este mundo afora, varizes, tromboses, infartos, e outros, inclusive a morte, ela marcou esta seis décadas da história da humanidade. Sem ela, já teríamos ultrapassado há muito tempo a marca dos sete bilhões de habitantes no planeta. As notícias sobre possíveis perigos de acidentes fatais com algumas novas pílulas, fabricadas com um novo tipo de hormônio, se relacionam apenas a cinco ou seis marcas de anticoncepcionais. As dezenas de outras pílulas continuam no mercado, sem maiores riscos, desde que indicadas por médico especialista.

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Dr. Norberto Louback Rocha

Dr. Norberto Louback Rocha

A Saúde da Mulher

O ginecologista e obstetra Norberto Rocha assina a coluna A Saúde da Mulher, publicada às terças no A VOZ DA SERRA. Nela, o médico trabalha principalmente a cultura de prevenção contra os males que atingem as mulheres.

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.