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Uma grande amiga das mulheres! - 13 de dezembro 2011
Depois de algumas notícias que apareceram em nos meios de comunicação, alertando sobre riscos para mulheres usuárias de pílulas anticoncepcionais, eu—e acredito que outros médicos também—tive que responder a muitas perguntas de gente preocupada com o assunto.
Por longos anos, a vida sexual das mulheres foi como andar numa corda bamba, ou como muitas delas preferiam dizer, caminhar na beira do abismo.
O risco de uma gravidez não desejada, principalmente em tempos de uma moralidade extremamente severa, transformava a vivência do amor e da sexualidade feminina numa experiência completamente imprevisível.
Era coisa mais do que comum famílias com doze ou mais filhos, e mães precocemente envelhecidas, a maioria com sérios problemas nos seus órgãos genitais.
Algumas das ocorrências mais frequentes eram úteros e bexigas “arriadas”, como se dizia na época. Incontinência urinária era uma queixa que os médicos ouviam todos os dias nos ambulatórios.
As mulheres não tinham o menor controle sobre sua vida reprodutiva. Sexo era quase sempre sinônimo de gravidez.
Os métodos para evitar filhos eram muito precários, e fora do alcance financeiro da maioria das famílias. As camisinhas, feitas de tecido impermeabilizado, eram caras e de eficácia duvidosa.
As coisas eram realmente difíceis para as mulheres.
A libertação completa do sexo feminino, sexo sem risco de engravidar, aconteceu por volta da década de cinquenta, quando os norte-americanos lançaram a primeira pílula anticoncepcional do mundo. Foi uma tremenda revolução que em poucos anos se espalhou por todo o mundo.
Desde aquele ano, até nossos dias, a pílula tem sido a grande amiga da mulher.
Possibilitou o exercício de uma sexualidade sem riscos de uma gravidez indesejada, regulou a menstruação de milhares de jovens, tratou e melhorou a pele de adolescentes que sofriam de espinhas que mutilavam seus rostos, acabou com as cólicas de milhões delas.
Em que pese os danos que certamente causou a muitas mulheres por este mundo afora, varizes, tromboses, infartos, e outros, inclusive a morte, ela marcou esta seis décadas da história da humanidade. Sem ela, já teríamos ultrapassado há muito tempo a marca dos sete bilhões de habitantes no planeta. As notícias sobre possíveis perigos de acidentes fatais com algumas novas pílulas, fabricadas com um novo tipo de hormônio, se relacionam apenas a cinco ou seis marcas de anticoncepcionais. As dezenas de outras pílulas continuam no mercado, sem maiores riscos, desde que indicadas por médico especialista.

Dr. Norberto Louback Rocha
A Saúde da Mulher
O ginecologista e obstetra Norberto Rocha assina a coluna A Saúde da Mulher, publicada às terças no A VOZ DA SERRA. Nela, o médico trabalha principalmente a cultura de prevenção contra os males que atingem as mulheres.
A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.
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