Beber com moderação é bom para a saúde? - 3 de novembro 2011

sexta-feira, 06 de abril de 2012

A Organização Mundial da Saúde identificou o consumo de álcool como um dos dez principais riscos para a carga global de doenças. (WHO Press release, 28Março2007, www.iarc.fr/ENG/Press Releases/pr175a.htm).

“Resultados de estudos de autópsias mostraram que pacientes com uma história de consumo crônico de álcool têm cérebros menores, mais leves e atrofiados, comparados aos dos não alcoólicos da mesma idade e sexo. Esse fenômeno foi confirmado repetidas vezes em alcoólicos vivos usando técnicas de imagem estrutural como a tomografia computadorizada (CT) ou ressonância magnética (MRI). ... Essas imagens revelam que a atrofia é mais extensa na camada exterior (córtex) do lobo frontal, que se crê ser a sede das funções superiores de inteligência. ... A atrofia também ocorre nas regiões cerebrais mais profundas, incluindo estruturas cerebrais associadas à memória, e também no cerebelo, que ajuda a regular a coordenação e o equilíbrio” (National Institute on Alcohol Abuse and Alcoholism, No. 47, Abril 2000. http://pubs.niaaa.nih.gov/publications/aa47.htm).

Referente aos seus efeitos sobre o sistema imunológico, “o álcool deveria ser considerado uma droga imunossupressora de efeitos a longo alcance” (MacGregor, RR, Alcohol and Immuno Defense, JAMA, Set 19, 1986, v. 256, no. 11).

Sobre seus possíveis benefícios para o coração, a Organização Mundial da Saúde chegou finalmente à seguinte conclusão: “Mesmo sendo que o consumo regular baixo a moderado de álcool tenha efeito protetor contra a doença coronária, os outros riscos cardiovasculares e para a saúde associados com o álcool não favorecem uma recomendação geral para o seu uso” (Diet, Nutrition and the Prevention of Chronic Diseases, OMS, 2003, p. 90).

Uma palavra final sobre se o vinho faz bem ao coração ou não. Um estudo feito no Segundo Departamento de Cardiologia do Hospital Geral da Universidade de Attikon, na Grécia, publicado em dezembro de 2005, com o título “Componentes polifenólicos de uvas vermelhas melhoram a função endotelial em pacientes com doença cardíaca coronária”, mostrou que tomar vinho tinto melhora a dilatação dos vasos sanguíneos atuando no endotélio (tecido da parede dos vasos). No estudo foi dado a um grupo de homens que tinham doença cardíaca coronariana um extrato de polifenol extraído de uvas vermelhas (600 mg) dissolvido em 20 ml de água e também deram os 20 ml de água com um placebo (substância sem efeito) como se fosse o extrato da uva. Todos os homens pensavam que estavam tomando o extrato da uva. Eles foram escolhidos ao acaso pelos pesquisadores. Usaram ultrassonografia de alta resolução para avaliar a dilatação da artéria braquial (principal artéria do braço) após uma hiperemia (vermelhidão) provocada pela obstrução com um garrote no braço. Mediram a dilatação em jejum, e 30, 60 e 120 minutos após terem tomado o extrato ou o placebo. O resultado encontrado foi que os que tomaram o extrato da uva tiveram realmente uma dilatação da artéria atingida após 60 minutos a qual foi muito maior do que o que ocorreria normalmente naquelas circunstâncias. Não ocorreu nenhuma mudança na dilatação da artéria dos homens que tomaram o placebo. Os pesquisadores concluíram que os componentes polifenóis de uvas vermelhas melhoram a função endotelial nos pacientes com doença cardíaca coronária. Esses resultados, segundo eles, poderiam provavelmente explicar, pelo menos em parte, os efeitos favoráveis do vinho tinto para o sistema cardiovascular. O álcool (etanol) é tóxico para o organismo humano, mas componentes da uva são saudáveis (Euro Journal Cardiovascular Prev. Rehabil., 2005 Dez; 12(6):596-600).

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César Vasconcelos de Souza

Cesar Vasconcellos de Souza

Saúde Mental e Você

O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

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