Para lidar com sua ansiedade excessiva - 22 de setembro 2011

sexta-feira, 06 de abril de 2012

Ansiedade é um sentimento de apreensão, inquietude, vazio. Todas as pessoas possuem ansiedade, mas nem todas possuem ansiedade exagerada, assim como todas possuem temperatura corporal, mas nem todas possuem febre. A febre indica a presença de uma infecção, assim como a ansiedade alta indica a presença de conflitos emocionais não resolvidos ou em processo de resolução.

Ansiolíticos ou calmantes diminuem a ansiedade excessiva, mas não resolvem os problemas psicológicos que a produzem. A ansiedade excessiva se manifesta pela sensação de ansiedade explícita e por outros modos, como por somatizações (sintomas físicos), obsessões-compulsões, pânico, fobia (medo irracional), etc.

Vamos ver alguns passos para lidar com a ansiedade excessiva:

1)Aceite sua ansiedade – ela existe. Há uma razão para ela estar aí. Encare-a como um hóspede que veio sem avisar e desconhecido. Ao invés de ficar reclamando da ansiedade e ter medo, raiva ou rejeição dela, decida aceitá-la, por ser uma realidade em você nesse momento. Não lute contra ela. Aceitar não é concordar e ficar passivo sofrendo. É admitir que ela existe, sem fugir dela. Ela é como a luz vermelha que indica algo a ser mudado no seu estilo de vida.

2)Olhe para fora de si mesmo – evite se concentrar no que sente no corpo e na mente nesse momento da ansiedade alta. Olhe bem as montanhas. Se não há montanhas, olhe a planície. Veja que o desconforto que a ansiedade alta produz não é sua pessoa, mas é algo em você. Você está com ansiedade, mas não é a ansiedade. Pode aprender a administrá-la.

3)Atue com sua ansiedade – diminua o ritmo de trabalho, mas não o interrompa. Não se desespere, querendo parar tudo para fugir da dor. Se você fugir (comendo, comprando coisas, se medicando sem orientação médica, bebendo, usando alguma droga ilícita, etc.) a ansiedade pode até diminuir, mas ela vai voltar e talvez pior, dependendo do que você fez na fuga dela. Fique onde está, continue fazendo sua tarefa, mais devagar, sem parar.

4)Respire devagar e profundamente – inspire o ar pelo nariz, calmamente, não puxando demais. Solte o ar pela boca suave e longamente. Conte até três ao puxar o ar para dentro e até seis ao colocá-lo para fora, devagarzinho. Faça o ar ir para o seu abdômen, estufando-o ao inspirar, e encolhendo-o ao colocá-lo para fora. Ao exalar, não sopre, mas deixe o ar sair lentamente pela sua boca.

5)Mantenha os passos anteriores – repita cada passo acima: aceitar a ansiedade como algo real agora, olhar para fora de si, atuar com ela e respirar calmamente. Ela diminuirá ao você repetir estes passos.

6)Examine seus pensamentos – numa crise de ansiedade se exageram coisas, antecipam coisas trágicas que podem nunca ocorrer. Pense que na maioria das vezes em que você sentiu esse mal estar e teve medo de alguma tragédia, ela não ocorreu (meu coração vai parar, vou perder o juízo, etc.), não é verdade? Que tipos de pensamentos você está nutrindo agora? São verdadeiros, ou frutos de sua ansiedade? Tem provas concretas sobre se o que você pensa é verdade? Se tem medo do coração ter um “treco”, o que o cardiologista lhe disse recentemente? Tem como entender o que está ocorrendo agora sem ser esta interpretação trágica? Lembre-se e diga a si mesmo(a) de que estar muito ansioso(a) é desagradável, mas não é perigoso! Você pode pensar que está em perigo, mas tem provas concretas, reais, definitivas disso? Algum médico disse que você tem doença grave do coração e pode morrer disso? Algum médico disse que você pode perder o juízo qualquer dia destes? Pensamentos trágicos não são necessariamente ligados à algo real. Pode ser só do imaginário.

7)Sorria, se você conseguiu! – ao passar por estes estágios na luta contra ficar paralisado(a) ou apavorado(a) por causa da ansiedade exagerada, e superar o pânico, medo excessivo, e a paralisação, parabenize a si mesmo(a) porque conseguiu isto por seus esforços e recursos e voltou à normalidade. Não foi uma vitória sobre um inimigo porque não havia inimigo real, e sim um sinal de que há algo em sua vida que precisa ser mudado, ajustado, compreendido, e que emitiu um sinal – a ansiedade alta, igual quando no painel do seu carro acende uma luz vermelha indicando que há algo com defeito e precisa ser reparado.

8)Espere por melhoras – não nutra nesse momento a ideia de que a ansiedade sumiu e nunca vai mais voltar. Ela voltará sempre que houver algo precisando ser mudado em sua vida, ou algo ameaçando sua personalidade, sua liberdade, sua espontaneidade, sua expressão adequada de si mesmo(a) como pessoa. Ao admitir que ela poderá voltar e ao lembrar o que fez agora para lidar com ela e ter conseguido, você ficará menos assustado(a) com a ideia dela regressar.

Ansiedade excessiva que pode surgir como pânico, fobia, transtorno obsessivo-compulsivo, ansiedade generalizada, etc.. Tem que ver com sensação, consciente ou não, de vulnerabilidade, ou seja, a pessoa quando submetida a perigos internos ou externos não usa recursos para controlá-los, porque não os aprendeu ainda ou porque os possui, e pode depreciar a si mesma, sem crer que pode lidar com a situação. Há os que temem muito tragédias com morte física, enquanto que há os que temem muito tragédias resultando em morte psicológica (sensação de perda do eu, da individualidade, da personalidade).

Cultive o pensamento de que o que é bom (o que você sente de agradável) passa. Mas o que é ruim... também passa. Essa coisa ruim de agora também vai passar.

TAGS:
César Vasconcelos de Souza

Cesar Vasconcellos de Souza

Saúde Mental e Você

O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.