Colunas
Meninas do vôlei, para essa seleção vale a pena torcer - 31 de agosto 2011
Mesmo com a derrota por três sets a zero e o vice-campeonato no grandprix de vôlei, na China, a seleção feminina do Brasil deu um show e mostrou porque é a atual campeã olímpica. O terceiro set da semifinal contra a Rússia, quando o placar era de 22 a 15, com direito à virada e vitória por 25 a 23, fechando o jogo em 3 X 0 para nós, foi uma demonstração de garra, determinação e vontade de vencer. A derrota para os Estados Unidos, na madrugada de domingo, teve um gosto amargo, mas foi fruto de uma grande final bem disputada e premiou a seleção que soube controlar melhor a ansiedade.
A seleção brasileira treinada pelo Zé Roberto cujas jogadoras, em sua maioria, jogam no Brasil, treinam e fazem amistosos para o seu público aqui, é no meu entender o grande diferencial para aquela que pertence ao Ricardo Teixeira. Esse cidadão em nome de gordos patrocínios teve que se submeter às exigências do vil metal, dos interesses daqueles que bancam as despesas da CBF e conseguiu o inédito fato de distanciar o torcedor de sua seleção, a ponto deste não ter mais interesse em assistir aos amistosos da outrora seleção canarinho, sempre fora do país e em horários incompatíveis com o do povão.
O torcedor brasileiro, hoje, se tiver de escolher entre uma partida do seu time do coração e o da seleção, com certeza vai optar pelo primeiro e ainda vai maldizer as redes de televisão, se essas jogarem no ar as imagens do jogo do Brasil. Os gritos de foogoo, foogoo ou de menngoo, menngoo ou de neense, neense ou finalmente de vaasco, vaasco (em ordem alfabética), são muito mais espontâneos e verdadeiros que o tal do brasil, sil, sil do Galvão Bueno, único torcedor ainda interessado naquele bando de jogadores sonolentos, desinteressados que passam a nítida impressão de estarem apenas cumprindo mais um compromisso enfadonho e burocrático. Creio que uma equipe formada apenas pelos jogadores que atuam no país, jogando para o seu público, ao vivo e a cores, como era no passado, seria a única forma de resgatar o interesse que outrora a seleção despertava entre aqueles que gostam de futebol. Se isso agradaria ao patrocinador é assunto para outro artigo.
Não creio que o nível dos “estrangeiros” seja melhor que o daqueles que disputam o campeonato brasileiro de 2011, mas estou certo que a necessidade de mostrar serviço, de aparecer, faria com que os amistosos fossem disputados com outra disposição, com mais garra e vontade de vencer. Além do mais, seria uma equipe que jogaria o futebol que se pratica aqui, diferente do lá de fora, basta ver o tempo que os que retornam levam para se readaptar.
A copa do mundo de 2014 está próxima, afinal três anos passam voando e corremos o risco de ser um fiasco total, pois na organização tudo está por fazer: modernização de estádios, de aeroportos, hoje verdadeiras estações rodoviárias (aqui sem nenhum desmerecimento a essas últimas muitas vezes superiores a muitos deles) e infraestrutura das cidades sede. Sem falar no plano técnico, pois nossa equipe não passaria da fase de classificação, se a competição estivesse começando agora. Seria mais melancólico que em 1950.
Quem sabe uma aproximação da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) com a CBV (Confederação Brasileira de Vôlei) não seria benéfica para a primeira. Lógico que como o joio é mais forte que o trigo, correríamos o risco de desandar a segunda.
Max Wolosker
Max Wolosker
Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.
A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.
Deixe o seu comentário