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Agosto, mês de desgosto; pedágios mais caros
Desde segunda feira, primeiro de agosto, os pedágios das principais estradas que cortam o estado do Rio de Janeiro, inclusive a Ponte Rio-Niterói vão aumentar de preço. O mais caro, verdadeiro assalto ao bolso do motorista, que é o da Via Lagos, vai custar R$ 10,30 (dez reais e trinta centavos) nos dias de semana e R$ 15,70 (quinze reais e setenta centavos) nos finais de semana e feriados. O da RJ-116 passa de R$ 3,70 (três reais e setenta centavos) para R$ 3,90 (três reais e noventa centavos); os preços são extorsivos, um verdadeiro escárnio.
Duas coisas chamam a atenção e são importantes quando se discute tal assunto. Nos países desenvolvidos as estradas pedagiadas são um verdadeiro tapete, pois a conservação tem que justificar o preço cobrado. Não é o caso nem da RJ-116, muito malcuidada, com remendos grosseiros e uma sinalização deficiente; o mesmo se aplica à Via Lagos, onde o custo do quilômetro rodado justificaria, o que não é o caso, um piso top de linha e os acostamentos de asfalto, pois por serem de grama, em dias de chuva, são um tormento para quem precisa trocar um simples pneu. Ainda citando os países de primeiro mundo, uma alternativa é sempre oferecida ao usuário. Assim, na França, de Paris a Lyon pode-se optar por trafegar numa autoestrada (paga) ou nas estradas nacional ou departamental, cujo tráfego é gratuito. É claro que a primeira é muito mais rápida e o apoio ao motorista muito melhor, no entanto este tem o direito de optar. Nada lhe é imposto.
Recentemente a Suíça modificou toda a sua rede viária, pois por incrível que possa parecer, a nação helvética tinha pouquíssimas vias de circulação rápida. Mas lá se adota o sistema que vigorou no Brasil por alguns anos, o do selo ou vinheta de circulação nas estradas federais. Aqui o sistema não funcionou porque o dinheiro pago pelos motoristas sumia na máquina burocrática e era desviado para outras bandas, tal como o malfadado CPMF, que na realidade era mais um imposto disfarçado e que cumpria muito pouco seu objetivo.
Numa viagem de ida e volta de Friburgo ao Rio o motorista vai gastar cerca de vinte reais em pedágios, numa estrada sem telefones para pedido de socorro no caso de uma pane ou acidente, com uma camada asfáltica de má qualidade e com uma sinalização deficiente nos locais onde a serração é mais intensa. Isso sem falar na necessidade urgente de se duplicar a estrada, pois nos últimos 50 anos o número de veículos que nela circula aumentou — nossa cidade mais que duplicou sua população e o traçado é o mesmo. A última obra de vulto data da época em que o engenheiro Heródoto Bento de Mello foi diretor do DER, nos anos 60 do século passado.
Quem mora em Macuco paga o dobro e a estrada a partir de Bom Jardim tem um grau de conservação pior ainda, o que é inacreditável.
Infelizmente, no mundo moderno pagar é preciso, no entanto deveria ser obrigatório um retorno à altura do que desembolsamos todos os dias.
P.S: E eu que pensava que as férias dos juízes eram de 365 dias. Só são 60?
Max Wolosker
Max Wolosker
Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.
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