Vida Eterna - 26 de julho 2011

domingo, 31 de julho de 2011

Caro amigos, “viver para sempre” e tem sido um sonho que a humanidade persegue desde longa data. Há séculos religiosos e cientistas procuravam o “elixir da vida” e os poetas e escritores começaram a contar histórias sobre a fonte da eterna juventude e sobre a pedra filosofal, objetos relacionados à vida sem fim nesta terra.

Entretanto, uma reviravolta aconteceu no primeiro século de nossa era. Às margens do rio Jordão, houve uma explosão de fé que rapidamente se espalhou pelo mundo e que começou a professar a fé na Vida Eterna. E esta fé expressa um conceito inédito.

Santo Agostinho quando fala do desejo que o homem sente pela vida eterna diz que é algo que todos queremos, mas que não conhecemos muito bem, por fugir ao nosso mundo ordinário (Cfr. Epistola 130 Ad Probam 14, 25 – 15,28). O Santo Padre assim a procura explicar na encíclica Spe Salvi: “A única possibilidade que temos é procurar sair, com o pensamento, da temporalidade de que somos prisioneiros e, de alguma forma, conjecturar que a eternidade não seja uma sucessão contínua de dias do calendário, mas algo parecido com o instante repleto de satisfação, onde a totalidade nos abraça e nós abraçamos a totalidade” (n. 12).

Uma eternidade que não se esgota na infinidade do tempo, mas que se realiza na intensidade da vida. E, esta “plenitude”, podemos saboreá-la em nossa atual existência. Não se trata aqui de uma fuga do mundo real, mas de um pisar em solo firme e dar-se conta do que realmente acontece no mundo.

Em uma cultura cada vez mais individualista na que os universos virtuais jogam com a distância e ao mesmo tempo com a aparente proximidade entre as pessoas, a Vida Eterna que Cristo nos oferece se apresenta como um autêntico remédio, um antídoto que age nas mentes e nos corações dos crentes e que semeia neles, de forma contínua, a lógica da comunhão, do serviço, da partilha, em suma, a lógica do Evangelho.

“Vês a caridade, vês a Trindade” dizia santo Agostinho (De Trinitate, VIII, 8, 12). Com Cristo a eternidade deixou de ser uma procura egoísta para ser algo que almejamos em comunidade e que nela deve expressar-se concretamente. Professar a fé católica na vida eterna passa também por buscar melhorias nas instituições sociais, denunciar as injustiças e progredir na cultura e na ciência. Professar a fé no dom da vida eterna inclui ser mais humanos, pois só nesta perspectiva cumpriremos o plano de Deus de ser mais e mais divinos, e alcançaremos, por fim, a almejada vida que não se acaba.

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Dom Edney Gouvêa Mattoso

A Voz do Pastor

Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo, o bispo diocesano da cidade, Dom Edney Gouvêa Mattoso, assina a coluna A Voz do Pastor, todas as terças, no A VOZ DA SERRA.

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