Core Business - 14 de julho 2011

domingo, 31 de julho de 2011

Em São Paulo semana passada, por ocasião do 8º Congresso Nacional de Gestão Corporativa, na Fecomercio, pude assistir a muitas discussões, entre elas, “como fazer as empresas ganharem valor e reduzirem pressões de mercado”. Entre uma enorme gama de CEOs, VP e muitos sócios, de grandes negócios, ouvi atentamente muitas afirmativas e pensamentos.

De entre novas preocupações, tive o alento de que minhas crenças sobre o foco no core business estavam corretas: tolo aquele que aposta tudo nisso e apenas nisso.

Core business é a área central do seu negócio, é o mercado que você opera, é o que sua empresa comercializa oficialmente, mas diferentemente do que muita gente boa acredita, não é o que sua empresa pode ter de melhor, ele, seu core business, é apenas o álibi de relacionamento e rentabilidade da operação comercial.

Foi-se o tempo em que seu core business encerrava sua empresa. Você fazia café instantâneo e era reconhecida por isso, você vendia pneu e era preferida por isso, sua empresa consertava computador e era escolhida por isso, e assim por diante — mas já faz tempo que uma gama de serviços e valores se tornou os reais motivos de lembrança, preferência e escolha da sua empresa.

Que fique claro que isso serve a nossa Nova Friburgo. O Frio e as matas nativas são nosso core business, turisticamente falando — mas em que outros valores temos competência diante dos argumentos do consumidor que precisa lembrar de nós, preferir a nós e nos escolher?!

Distância, tempo de deslocamento, qualidade deste deslocamento, recepção, informação, opções de lazer, gastronomia, diversão, acesso a recordações tangíveis e intangíveis, cultura, disponibilidade de compras, estrutura hoteleira, e a parte mais traumática, que outras opções comparativas ele tem?!

Experiência de consumo, vivência de serviço são fatores comparativos, ou seja, andar de ônibus é ótimo para quem vinha a pé, de “Chevetão” é melhor do que quem vem de ônibus, de carrão bem melhor que no “Chevetão”. Assim Nova Friburgo é melhor ou pior que Penedo, Petrópolis e Teresópolis na medida em que haja condição ou pré-disposição do consumidor de comparar; e reafirmo, tal comparação não se limita ao core business, mas a toda gama de experiências que ele, turista, procura aqui, e nesta perspectiva, escolhe, compara e julga.

Pensando assim, é fato, portanto, que crer que seu pneu se venderá pelas qualidades intrínsecas da borracha, indiferente ao design; ou que o sabor do seu café instantâneo se sobreporá à imagem dele ou a incapacidade deste se diluir a água; ou que o serviço de computador sobreviverá apesar dos atrasos na entrega, é acreditar que a imagem de papai Noel tropicalizado, de bermudão e bonezinho, é mais efetivo que o pobre velhinho suando na roupa vermelha. O consumidor quer e cada vez mais, um pacote que o deixe feliz, orgulhoso, com dinheiro no bolso, com um serviço ao redor do produto, e com a fé de que fez o melhor negócio possível. Não entendemos nada de pneu, café ou computador; tudo que compramos, todo tempo, é uma percepção a cerca de produtos e serviços, e acalmar o consumidor já faz tempo, é a essência do seu “novo core business”.

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