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Secando a galinha dos ovos de ouro
Parece papo de bêbado, mas a polícia conseguiu em uma ou duas semanas secar a venda de bebidas em muitos restaurantes e bares da cidade, ao menos naqueles frequentados pelo público que volta pra casa em torno das doze badaladas noturnas. Casamentos e festas também experimentam uma alteração grande no consumo de bebidas e uma saída mais tardia, quer seja para evaporar o álcool do sangue dos convidados, quer seja para dar tempo da operação lei seca bater em retirada.
A quem reclame que a garotada, chegada a pifões bem mais pesados e mais tardios, normalmente regados a ataques de valentia no trânsito, no som do carro e no corpo a corpo, ainda circule quase impune, principalmente por que ainda não tem um bafômetro capaz de captar drogas ilícitas e por que na madrugada mesmo, quando saem das boates e motéis as operações já estão dormindo o sono dos sóbrios.
Alterações no mercado geram alterações em cascata, essas propiciam uma gama de novos serviços e/ou a extinção de tantos outros. Reações adversas de determinados segmentos parecem derrubar o circulo virtuoso e gerar o vicioso, fazendo com que as alterações ao invés de iniciar novos serviços e produtos estimulem queda de demanda, ao que tudo indica é o que vem acontecendo.
Bares e restaurantes reclamam motivados, porque a solução que resolve custa caro e desmotiva a saída e o consumo dos clientes e a galinha dos ovos de ouro dos proprietários vai secando, secando...
É o efeito Tostines! Lembram disso?! “Vendem mais porque estão sempre fresquinhos, ou estão sempre fresquinhos porque vendem mais?!”
O biscoito da vez é o táxi. O taxi é caro por que é pouco usado, ou é pouco usado por que é caro?! Um táxi ida e volta, Centro/Mury, custa uns R$ 45,00, se alguém de conselheiro resolver ir tomar um vinho no Cônego, prepare-se para deixar uns R$ 75,00 no vai-e-vem e se pensar em ir a Lumiar, talvez seja melhor dormir por lá, porque vai gastar uns R$ 140 fácil no transporte terceirizado. Comparado à multa, parece barato, mas comparado à conta do restaurante, e principalmente à cultura residente e à percepção de valor do consumidor, fica bem, bem puxado.
Uma ação de estímulo ao consumo de táxi por partes dos restaurantes, uma ação de desnatação de preços (rebaixamento) por parte dos taxistas e uma alteração no custo total da brincadeira por parte do consumidor poderia gerar uma situação virtuosa, onde se beberia mais, se venderia mais vinhos e chopps e se correria muito menos riscos. Mas cada parte olha pra si e ninguém cede, enquanto isso, sede, seca e sopros e a galinha nem um pio!
Estratégias de estímulo ao uso do táxi em nossa cidade, para que tenham resultados em curto espaço de tempo, passam necessariamente pela redução de preço, por um tarifário mais convidativo e estimulante, por uma maior disponibilidade e previsibilidade. Persistências nas blitzes gerarão uma alteração de comportamento no mercado, a substituição de uma cultura e uma nova adequação de mercado, enquanto isso tudo não se resolve, nos resta por a galinha dos ovos de ouro num poleiro bem confortável, e muito sopro e muita sede...
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