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Espelho, espelho meu
Durante este feriado, juntei o útil ao agradável, e diante de uma visita comercial, aproveitei para esticar e realizar uma visita turística. Aonde ia ouvia a pergunta: ”De onde é?”, e sempre que respondia “Nova Friburgo”, ouvia a interjeição: “Ah”, seguida de: “Feio o que aconteceu por lá”, “Como estão as coisas?”, ou qualquer outra pergunta que referia-se ao fim do mundo. As perguntas surgiam dos diversos outros turistas ou das equipes de receptivo, dando dimensão de abrangência geográfica e social que nossa cidade alcançou, de fato chegamos muito perto de um Armagedon, e nossa imagem está vinculada a esse episódio, mas o que fazer?!
Outra experiência muito marcante foi ver como algumas cidades conseguiram não se limitar a usufruir passivamente o seu patrimônio turístico, quer seja ele natural, comercial, gastronômico, cultural etc, mas fizeram disso o motor que criou diversas atrações quer seja por terra, água ou ar.
Mas uma vez vem a pergunta: o que fazer? É certo que temos grande potencial turístico, um distanciamento que é, na verdade, pura proximidade da cidade do Rio de Janeiro. Um trajeto agradável, que para quem sobe a serra de forma tranquila, usufrui de um visual único. Temos gastronomia de ótimo padrão e variada, atrações naturais como poucos lugares, com potencial de esportes de aventura e natureza exuberante, somos polo comercial... O que nos falta?
Na formação de imagem de uma cidade, vale sua história, vale suas aptidões, mas também valem sua força, suas oportunidades e seus propósitos — e a propaganda e uma forte orientação de um planejamento de marketing valem o que muitos em separado jamais conseguiram fazer.
Precisamos de coordenação, como nunca, para reverter nossa imagem e usufruir o que podemos facilmente usufruir. Cada turista que chegar nesta cidade, quer seja veranista, quer seja a trabalho, quer seja marinheiro de primeira viagem, precisa conhecer nosso potencial e nossas qualidades.
Precisamos alinhar nossos esforços, transformar a ação de um em uma ação para a cidade, fomentar os eventos, transformá-los em algo maior e pensar em como ganharmos mídia local, regional e nacional como cidade que está fazendo sua parte, que tem como receber, tem como encantar, tudo isso sem perdermos a disposição e a posição de pleitear a realização das promessas, das obras, das melhorias e das urgências.
Precisamos definir quem queremos ser, fazer isso com planejamento, coerência, união; temos que desarticular as ações isoladas e trabalharmos firmes e coordenadamente numa única direção — pois somos mesmo famosos como nunca, mas nossa imagem está enlameada, encoberta. Precisamos entender que nosso espelho mágico não vai transformar a realidade, só poderá nos enganar; assim caberá a nós, com técnica e estudo e com organização e união, todo o trabalho de mudar nossa imagem.
A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.
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