O curso começou, as férias acabaram - 11 de maio 2011

domingo, 31 de julho de 2011

Com o inicio de nossas aulas na segunda feira passada, nossas viagens ficaram restritas aos finais de semana, o que limita nosso raio de ação, pois não podemos nos afastar muito de onde estamos. Aliás, essa é a grande vantagem de Chambery, situada numa região próxima a cidades importantes da Suíça e da Itália. Milão, Turim, Lausane e Genebra ficam a pouco mais de três horas de nosso estúdio e podem ser visitadas sem problemas. Estamos a mais ou menos cinco quilômetros do centro da cidade, numa região rural, outrora uma grande fazenda. Lembra muito o Cônego, que antes de se tornar um bairro de Nova Friburgo era conhecido como fazenda do Cônego.

Viver, mesmo que por pouco tempo, num outro país, requer uma atenção e um aprendizado diário, pois o dia a dia é marcado por muitas diferenças e contradições. É inacreditável a falta de “jogo de cintura” do francês, o que cria certo mal-estar em situações corriqueiras. Um exemplo aconteceu comigo, quando comprei um notebook de bolso. Não me foi dito que um dos programas do Windows era gratuito somente por 60 dias e que para sua instalação definitiva eu deveria adquirir a chave do produto. Ao comprar essa chave, não consegui instalar o programa e tive que voltar à loja para pedir orientação. No Brasil, o vendedor simplesmente faria a instalação para mim, se fosse uma coisa simples, como aliás o era; aqui me mandaram ler as instruções, partindo do princípio de que a função dele era apenas a de vender. E mais, em nosso país o computador já sairia da loja com todos os componentes instalados em definitivo. O problema foi que o Office instalado era a versão 2007 e a chave para uma de 2010.

Fazer compras num supermercado é outro desafio, pois como o custo de vida aqui é mais alto, a atenção tem de ser redobrada. Carne, legumes, frutas se compram por unidade e não por quilo, pois não se faz estoque e o desperdício custa caro; se você não levar uma sacola para carregar suas compras, vai dar uma de equilibrista porque não se usam mais as sacolas de plástico. No entanto, vinho, cerveja e mesmo os sucos de frutas são mais baratos, principalmente se compramos um que seja uma mistura de várias frutas. Queijos e laticínios custam mais ou menos a mesma coisa que no Brasil, com a vantagem do Camembert e do Brie serem originais e o iogurte mais gostoso e com sabores mais diversificados. No que se refere a roupas, o melhor é fazer como eles, ou seja, esperar as grandes liquidações de final de maio, princípio de junho, para ir às compras.

A grande contradição daqui está nos transportes. Reclama-se muito do excesso de carros e da dificuldade em se encontrar vagas para estacionamento, a maioria paga; os gratuitos são poucos e afastados do centro das cidades. No entanto, a viagem de trem ou mesmo de avião é muito mais cara, o que faz com que o uso do automóvel permaneça mais em conta. Duas pessoas, viajando de trem de Chambery à Milão, vão gastar 300 euros numa passagem de ida e volta, mas se forem de carro não mais do que 110 euros. Além do mais, com o carro a mobilidade aumenta.

Com relação ao IFALPES (Instituto de Francês dos Alpes), como todo curso de línguas para estrangeiros, mais parece uma ONU, com alunos de vários países do mundo inteiro. Mas o que mais me chamou a atenção foi o número de americanos matriculados nos vários níveis que estão disponíveis, a maioria com o objetivo de ir trabalhar na África. Será que descobriram petróleo naquele continente? Como americano não dar ponto sem nó, os africanos que se cuidem.

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Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

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