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Luz para o mundo - 5 de abril 2011
Caros irmãos e irmãs, hoje meditaremos sobre o nono capítulo do evangelho de São João, tema da liturgia do quarto domingo da Quaresma deste ano. A narração diz que Jesus, passando pelas ruas de Jerusalém, encontra um cego e o cura, depois de ungir seus olhos com lodo e mandá-lo se lavar na piscina de Siloé.
Ao princípio do relato, Cristo afirma categoricamente: “Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo” (Jo 9,5). A partir desta afirmação do Senhor, entenderemos melhor o sentido profundo do milagre realizado. A luz em questão não é somente aquela natural que entrou pelas retinas curadas do cego, mas é o próprio Cristo, luz que nos revela o rosto de Deus.
Ensina o Santo Padre Bento XVI: “O Evangelho interpela cada um de nós: ‘Tu crês no Filho do Homem?’. ‘Creio, Senhor’ (Jo 9, 35.38), afirma com alegria o cego de nascença, fazendo-se voz de todos os crentes. O milagre da cura é o sinal que Cristo, juntamente com a vista, quer abrir o nosso olhar interior, para que a nossa fé se torne cada vez mais profunda e possamos reconhecer n’Ele o nosso único Salvador. Ele ilumina todas as obscuridades da vida e leva o homem a viver como ‘filho da luz’” (Mensagem da Quaresma 2011).
A dureza de coração dos fariseus, que não reconheceram a força divina do messias, contrasta com a profissão de fé do cego; e cumpre-se o versículo que diz: “Vim a este mundo para fazer uma separação: os que não veem vejam, e os que veem se tornem cegos” (Jo 9, 39).
Em nossa vida, a luz que ilumina as decisões mais importantes não pode ser somente a luz sensível, mas, sobretudo, a luz da fé em Cristo, que nos revela a vontade de Deus.
Este ano a Campanha da Fraternidade nos alerta sobre um tipo miopia que afeta o homem moderno. Muitos são os que olham para o planeta Terra e não reconhecem nele uma obra divina confiada ao cuidado do homem, mas somente um campo de exploração e lucro. A Terra é patrimônio comum de toda a humanidade e seu bom uso constitui uma responsabilidade para com os pobres, as gerações futuras e a humanidade inteira. Se a natureza, incluído o homem, é vista como simples fruto do acaso, fora do seu devido lugar no plano eterno de Deus, o homem ou acaba tratando-a como um tabu inviolável ou, ao contrário, acaba abusando dela. Ambos os casos não correspondem a uma visão cristã da natureza (cf. Texto-base da CF 2011, 150).
O senhorio do homem sobre a natureza (Gn 1,28) não implica tirania, mas inclui cuidado e cultivo. Cuidemos, assim, da natureza como condiz com nossa vocação primeira.

Dom Edney Gouvêa Mattoso
A Voz do Pastor
Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo, o bispo diocesano da cidade, Dom Edney Gouvêa Mattoso, assina a coluna A Voz do Pastor, todas as terças, no A VOZ DA SERRA.
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