Comigo isto não vai acontecer! - 29 de março 2011

domingo, 31 de julho de 2011

Apesar de toda a propaganda que o Ministério da Saúde e entidades de classe dos médicos fazem, anualmente, alertando sobre diversas doenças graves — que podem levar o indivíduo à morte ou então a uma sobrevivência com muito sofrimento —, muita gente parece não acreditar.

Assistimos com frequência informativos, em diversos meios de comunicação, alertando sobre câncer de útero, mama, próstata, pele; doenças como tuberculose e hanseníase, que poderiam perfeitamente estar resolvidas e longe de nós há muito tempo.

Uma das maiores evidências disto é o crescente aumento na descoberta tardia de muitas delas, quando se sabe que a possibilidade de cura depende quase que completamente do momento do diagnóstico. Quanto mais cedo, melhor!

Em parte, o problema pode estar ligado a uma falsa crença que as pessoas possuem de que “comigo isto não vai acontecer”.

Ou também pelo fato de ouvirem elementos mais idosos da família dizer que casos desta ou daquela enfermidade felizmente nunca aconteceram “entre nós”.

Ainda um outro fator parece influenciar a indecisão de muita gente quando o assunto é a própria saúde. Muitos creem que não falar sobre determinada doença pode, de algum modo, mantê-la longe de si.

Dizem que este comportamento lembra o de uma grande ave, a maior do planeta, o avestruz, que diante de um perigo iminente procuraria esconder a cabeça, como se tal gesto pudesse protegê-la.

É bastante frequente atendermos mulheres, muitas com casos da doença na família, que ao nos procurarem já o fazem num momento avançado de uma daquelas graves enfermidades.

Entre os homens, as coisas parecem ainda piores. Diferentemente das mulheres, eles são mais rebeldes e reagem muito mal quando o assunto é ir ao médico.

Buscam de toda forma deixar para outro dia esta decisão. Este comportamento explica muito bem o porquê deles viverem menos tempo que suas companheiras; a média de tempo fica em torno de sete anos.

Como na maioria das vezes, ainda é a velha dor — talvez a melhor defesa que nosso corpo possua para alertar-nos — que empurra a todos nós em busca de ajuda.

Recordo um caso recente de uma idosa que, sofrendo de dores no corpo, em diferentes locais, somente comunicou o fato à família no momento de uma terrível crise. Foi levada ao hospital. Internada, algumas radiografias mostraram um avançado câncer nos ossos, já em estado fora de tratamento.

É lamentável sabermos que, apesar dos muitos recursos disponíveis, tanta gente morra, muitos ainda jovens, apenas por não darem atenção aos avisos que o corpo envia.

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Dr. Norberto Louback Rocha

Dr. Norberto Louback Rocha

A Saúde da Mulher

O ginecologista e obstetra Norberto Rocha assina a coluna A Saúde da Mulher, publicada às terças no A VOZ DA SERRA. Nela, o médico trabalha principalmente a cultura de prevenção contra os males que atingem as mulheres.

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