Uma visão de fé - 8 de fevereiro 2011

Queridos leitores, o mês de janeiro de 2011, sem dúvida, estará sempre presente na lembrança de todos os que vivemos a catástrofe do dia 12 e suas consequências. Agora entramos em um novo mês e somos convidados a nos lançar para frente, para o novo, que espera igualmente nosso trabalho generoso, nossa fraternidade efetiva e nossa fé ardente.

É sobre os alicerces da fé que devemos reconstruir a “Nova” Friburgo e cada uma das cidades danificadas.

Disse Jesus no Evangelho que: “O Reino de Deus é como quando alguém espalha a semente na terra. Ele vai dormir e acorda, noite e dia, e a semente vai germinando e crescendo, mas ele não sabe como isso acontece”. (Mc 4, 26-27)

A semente lançada na terra, tal como o descreveu o evangelista Marcos, exige do agricultor um ato de fé. Apesar do conhecimento que possui o semeador, a semente sempre cresce de um modo misterioso: é algo muito pequeno, inclusive desprezível aos olhos, mas que contém um grande potencial de vida que eclode em muitos grãos e é capaz de alimentar não só aquele que o plantou, mas toda a sua família.

Uma reação natural, por causa de nossas limitadas forças, poderia ser o desânimo ao pensar nos grandes desafios que estão por vir. Inclusive poderíamos perguntar a Deus por que Ele nos quer usar para reconstruir nossos lares e reorganizar nossas cidades. Entretanto, sabemos que através da fraqueza do homem, Deus manifesta a sua força, como disse São Paulo:

“Basta-te minha graça, porque é na fraqueza que se revela totalmente a minha força”. (ICor 12,9a)

Deus nunca abandona os seus filhos. Seria impossível recolher todas as experiências pessoais que comprovam este cuidado paternal e amoroso de Deus, e, mesmo em uma visão mais objetiva, comprovamos Seu amor em todas as pessoas que se disponibilizaram imediatamente no cuidado e no serviço aos mais necessitados e nas doações que não param de chegar de todos os cantos do Brasil.

Dos últimos acontecimentos na Região Serrana do Rio de Janeiro só tiraremos uma verdadeira lição se olharmos com uma atenta visão de fé. Assim, nossa fé se traduzirá em uma confiança inabalável em Deus, pois “o Senhor é fiel em suas palavras, e santo em tudo o que faz”. (Sl 145,13)

A partir do coração daquele que crê e confia em Deus, entendemos a resposta de São Paulo à afirmação do Senhor: “prefiro gloriar-me das minhas fraquezas, para que habite em mim a força de Cristo”. (ICor 12,9b)

Deus usará de nossa fragilidade para fazer surgir dos escombros da tragédia a nova “Nova Friburgo”.