Soy loco por ti Abreu! - 2 de fevereiro 2011

A crônica de hoje é fruto de uma observação que merece ser comentada. Os torcedores dos vários clubes brasileiros, com freqüência, se deparam com técnicos querendo aparecer mais que seus comandados principalmente daqueles que se destacam ou por serem craques ou por sua importância para o time. Quando além do destaque são inteligentes e têm uma visão de jogo privilegiada, isso se torna um problema a mais.

Esse preâmbulo é para abordar o recente episódio envolvendo Loco Abreu, ídolo da torcida do Botafogo e Joel Santana, seu treinador. Após um jogo duríssimo, de se ver, mesmo com a vitória sobre o time do Duque de Caxias, El Loco comentou que era preciso que o alvinegro tivesse outras opções de jogo, pois o atual esquema estava mais do que manjado. Aliás, jogar retrancado para explorar o contra ataque sempre foi o esquema preferido de Joel, conhecido como retranqueiro, apesar do seu sucesso no futebol carioca, onde foi campeão em todos os grandes do Rio.

Esse comentário, por sinal perfeito, é a opinião da maioria dos torcedores que já não agüentam mais três zagueiros de início, não importa a qualidade do adversário. Passado o sufoco do primeiro tempo e as mudanças mais do que esperadas, o panorama do jogo muda completamente e alguns coleguinhas atribuem isso, à visão de jogo privilegiada do treinador. Na verdade seu esquema não tem variações, é um esquema rígido. A saída foi tentar dar uma chamada no atleta, ao dizer que o técnico é ele, Joel Santana, sem ao menos justificar sua teimosia.

Loco Abreu, de origem uruguaia, identificou-se com a camisa alvinegra e tornou-se ídolo inconteste do Botafogo. Aliás, sua condição de ídolo aqui não é novidade, pois conheci uma torcedora do Nacional de Montevidéu, onde Loco começou sua carreira, endocrinologista que participou do último congresso da ALAD (Associação Latino Americana de Diabetes), em Santiago do Chile, que me disse ter duas paixões na vida, o Nacional e Loco Abreu. É muito comum vermos bandeiras do Uruguai no meio da torcida botafoguense,uma maneira carinhosa que o torcedor encontrou para homenagear seu ídolo.

El Loco como também é conhecido não se faz de rogado e responde no campo com atuações dignas de um ídolo além de marcar gols, como o segundo contra o Olaria, um golaço por sinal, candidato ao gol da rodada. Tem consciência da sua importância junto aos torcedores e a certeza de que entre ele e Joel, a torcida há muito tempo já fez a sua escolha. É Loco Abreu e fim de papo.

Claro está que citei esse caso, em função de ser recente e os personagens envolvidos serem do Botafogo, no entanto existem outros técnicos, exaltados pela imprensa com um ego que não tem mais tamanho e que não hesitam em querer aparecer mais que seus comandados. Vide Vanderlei Luxemburgo do Flamengo que, acredito, terá problemas ao tentar ofuscar o brilho de Ronaldinho Gaúcho, mesmo com o trabalho hercúleo que este faz para destruir sua imagem.