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De lama, escombros e sofrimento! - 25 de janeiro 2011
Difícil escrever esta coluna em momento de tamanho sofrimento. Busco, no fundo da alma, o que dizer e como dizer.
Diante de manifestação tão violenta da natureza, nós todos, acostumados durante tantos anos com chuvas e enchentes que eram menos raivosas e aniquiladoras, acordamos na manhã do dia 12 diante de um cenário de destruição total.
De todas as dores que se abateram sobre esta pacífica terra, a maior e mais profunda foi a das vidas que foram ceifadas, algumas centenas.
Ninguém neste município foi poupado dela. Em todos os lugares,próximos ou distantes, houve a perda de um parente,de um amigo ou colega de trabalho, de algum conhecido pelo menos.
Tivemos a exata medida da nossa pequenez, da nossa insignificância diante da cólera da mãe natureza, por nós tão desprezada, tão desrespeitada.
Tudo aquilo de que nos orgulhamos, como sinal de nossa capacidade de construir,de edificar, foi posto terra abaixo, arrancado do lugar, jogado longe.
Ouvi, num desses dias depois da catástrofe, um religioso falando sobre tudo o que acontecera, dizer com sabedoria que a consolação, a conformação e a aceitação chegariam aos poucos, ao longo do tempo, e que cada um teria o seu próprio tempo.
Também disse que da lama, dos escombros e do sofrimento brotariam flores.
Estas flores nós já estamos vendo desabrochar. A mais bela tem sido a da solidariedade.
Nunca tantos saíram às ruas para fazer o bem, sem olhar a quem.Uma verdadeira correnteza de humanidade, de doação e ajuda ao próximo se formou e está presente em todas as partes desta terra. Amizades profundas,verdadeiras e duradouras se formaram.
Grandes lições também vão ficar de toda essa tragédia, e nós nunca poderemos delas nos esquecer.
Apesar de muitos lugares nunca tocados pelas mãos dos homens terem sucumbido diante da fúria das águas, os desastres bem maiores foram exatamente onde a presença humana se fez de forma errada e arriscada, sem prudência e bom senso. Devemos refletir seriamente sobre isto.
Mas, a vida continua. Depois de sepultarmos e honrarmos os nossos mortos, recuperadas as condições mínimas de vida e trabalho para todos, prosseguir na caminhada é preciso!

Dr. Norberto Louback Rocha
A Saúde da Mulher
O ginecologista e obstetra Norberto Rocha assina a coluna A Saúde da Mulher, publicada às terças no A VOZ DA SERRA. Nela, o médico trabalha principalmente a cultura de prevenção contra os males que atingem as mulheres.
A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.
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