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Os inimigos não mandam flores - 7 de dezembro.
Os inimigos de que fala o título da nossa coluna de hoje são, na verdade, as doenças.
Elas, na maioria dos casos, no lugar de flores mandam avisos, mas nem sempre é assim.
Estes podem, em certas ocasiões, ser muito claros, muito evidentes, mas nem sempre é assim. Também pode ocorrer, o que é muito frequente, que aquele que recebe o aviso se faça de desentendido, ou se acomode, ou até mesmo não acredite no que está acontecendo.
Há alguns dias, uma jovem me disse que não conseguia entender o motivo que levou seu pai, um homem de quase 70 anos, a esconder por tanto tempo uma dor que sentia ao engolir alimentos, e mais recentemente até mesmo a saliva.
Quando seu emagrecimento começou a ficar muito evidente, respondia a quem comentasse sobre o assunto que estava seguindo uma dieta para diminuir o colesterol, que era uma orientação do médico.
Até que num determinado dia, desmaiou em casa, e foi levado às carreiras para o hospital onde foi internado com diagnóstico de anemia profunda, desidratação e desnutrição.
Logo no segundo dia de hospitalização, diagnosticaram uma tumor na garganta, com certeza a razão de sua dor e dificuldade de engolir alimentos e até mesmo líquidos.
O porquê deste homem ter deixado que as coisas chegassem àquele ponto só um psicólogo poderia explicar.
Muita gente acredita que não falar em doenças pode evitar que elas apareçam.
Isto lembra muito uma história que contam sobre os avestruzes, as maiores aves do planeta. Não sei se é verdade ou apenas uma lenda, mas dizem que eles, ao se verem diante de um perigo iminente, escondem a cabeça debaixo da asa ou no buraco mais próximo. Tal procedimento afastaria a ameaça.
Algumas atitudes do ser humano lembram muito esta situação.
Como explicar fatos como o da senhora que tendo um pequeno machucado no seio, que meses depois veio a virar uma ferida, da qual começou a escorrer um líquido meio sanguinolento que emitia um cheiro fétido, encharcava sua blusa de perfume para que a família não sentisse o tal mal cheiro.
E não era uma mulher sem estudos ou conhecimentos. Tratava-se de uma pessoa com nível superior e com condições econômicas que lhe permitiam acesso a serviços médicos com facilidade.
Quanta gente, de todas os níveis sociais, está hoje passando por situações como as que descrevi acima. Homens que levantam muitas vezes durante a noite para urinar e que só o conseguem com muita dificuldade, com um jato fino que torna demorado esvaziar a bexiga. Eles, com certeza, já assistiram anúncios na TV a respeito do câncer de próstata, que fala sobre isso, e permanecem quietos,imobilizados como o avestruz.
De um lado, a vontade de pedir ajuda; do outro, o medo tremendo de se descobrir com uma doença grave. Enquanto não se decidem, o tempo precioso corre.
Como diz vovó Neném, do alto de sua experiência, há coisas que só Freud explica.

Dr. Norberto Louback Rocha
A Saúde da Mulher
O ginecologista e obstetra Norberto Rocha assina a coluna A Saúde da Mulher, publicada às terças no A VOZ DA SERRA. Nela, o médico trabalha principalmente a cultura de prevenção contra os males que atingem as mulheres.
A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.
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