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Rio de Janeiro vira sucursal do inferno - 27 a 29 de novembro.
Rio de Janeiro vira sucursal do inferno
Era de se esperar que, mais cedo ou mais tarde, uma verdadeira guerra civil fosse declarada na cidade do Rio de Janeiro. Não ficam impunes a pouca atenção que, sabidamente, todos os governadores que passaram pelo palácio Guanabara deram à bandidagem da cidade. No início, com os banqueiros do jogo do bicho, depois, com os narcotraficantes. Aliás, foi esse desleixo que propiciou o crescimento das quadrilhas baseadas nas favelas da outrora Cidade Maravilhosa e levou a reunirem um armamento digno de um exército, muitas vezes superior aos das polícias estadual e civil.
O atual governo do Estado teve que agir, pois a violência ao romper os padrões convencionais ameaçava o colapso da sociedade; o Estado de Direito sucumbia face ao renascimento do estado de barbárie sepultado no fim da idade média. A população impotente via o poder da criminalidade crescer e ameaçar as instituições democráticas e a sua própria estabilidade. Some-se a isso a negação de um fator primordial cunhado pelo policial Sivuca, de que “bandido bom é bandido morto”, a partir de uma campanha bem orquestrada pelas pseudo ONGs dos direitos humanos, a clamar por justiça sempre que um delinquente era, com toda a satisfação da sociedade, mandado para os quintos dos infernos.
Com a criação das UPPs (Unidade de Polícia Pacificadora) vimos que a intervenção do Estado era possível e muito bem-vinda, como mostrou a pacificação da maioria dos morros cariocas já ocupados. Lucraram as populações do asfalto e, principalmente, a do morro ao poder desfrutar de uma paz há muito perdida e deixar bem claro ser composta de cidadãos honrados. No entanto, era de se esperar a reação desmedida que as facções criminosas, agora unidas, perpetrariam contra as pessoas. Os marginais foram obrigados de uma só vez a abandonar ganhos financeiros importantes, como também seu próprio habitat, o que os levou a migrarem para comunidades ainda sem a presença da PM. Aí, tiveram tempo de preparar uma reação numa tentativa desesperada de retomar o controle da situação.
Creio que aqui reside a grande falha do Estado, cujos serviços de inteligência não previram ou não acreditaram que fosse possível uma reação tão violenta e contundente, num desafio ao poder constituído que nem os terroristas dos anos 60 foram capazes. Uma cidade acuada, amedrontada, ferida, arrependida dos políticos que elegeu durante todos esses anos para governá-la. Eu não tenho a menor dúvida que a atuação do governador Sérgio Cabral, digna de aplausos sem a menor dúvida, foi motivada muito mais por uma questão de sobrevivência.
É preciso aproveitar esse momento, quando a população de modo unânime apoia a ação do Estado, para repensar o enfrentamento da bandidagem. Nossa polícia tem de ser mais bem armada, treinada e, sobretudo, melhor remunerada, pois diante do poderio dos traficantes, mais parece o exército de Brancaleone; as ONGs de Direitos Humanos que para felicidade geral da nação estão de boca fechada aliás, de onde não sai asneira, têm de entender que bandido não tem direitos. A bestialidade com que tratam seus semelhantes poderia, quando muito, receber certa atenção da sociedade protetora dos animais, que certamente se sentiriam ultrajados se isso viesse a acontecer. Tentar jogar a população contra a polícia além de ser uma grande burrice só serve para que desconfiemos de suas verdadeiras intenções.
Por fim cabe a imprensa entender que o povo não aguenta mais a seguinte posição: ao ser morto, um bandido tem sempre um repórter a questionar a ação do policial. Num confronto direto, é um ou outro, e Deus permita que seja sempre o marginal a levar a pior.
Max Wolosker
Max Wolosker
Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.
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