De boas intenções o inferno está cheio - 16 a 18 de outubro.

Sumido por um bom tempo Astrogildo, aqule cidadão que mora no Lisarb, na cidade de Ogrubirf, deu o ar de sua graça. Ligou para seu amigo Hermenegildo para contar as novidades de sua cidade e matar as saudades, já que vive nesse país distante há mais de 15 anos.

Contou ele que durante uma semana a sua cidade abrigou a OREM (em português pode ser traduzido por algo como Olimpíada Regada a Esbórnia e muito Mé), mas que lá é uma olimpíada esportiva promovida pelos estudantes de medicina, aqueles que serão os futuros médicos de Lisarb e que vêm no esporte uma maneira de crescerem como pessoa. Foi organisada por um conselheiro municipal (equivalente a vereador, no Brasil) muito conhecido, na intenção de movimentar o comércio e incrementar o turismo.

Seis mil estudantes muito educados, ordeiros, a fina flor da sociedade lisarbiana, foram alojados nos vários colégios da cidade e se prepararam para as várias modalidades a serem disputadas (ou melhor, para evitar dupla interpretação, já que havia muitas atletas, é melhor dizer vários enfrentamentos esportivos). Além dos tradicionais futsal, vôlei e basquete, havia também os que mais adeptos agregou como o “copo à boca”, aquela em que ganha o atleta que mais consumir bebidas alcoólicas, “pornografista”, aquele que consegue emitir o maior número de palavrões por minuto, de preferência inéditos e “sexo de guerra” uma espécie de cabo de guerra, só que praticado em praças públicas.

A população de Ogrubirf ficou muito contente com a iniciativa, pois viu nesse evento uma maneira de conhecer gente nova, trocar experiências, adquirir conhecimentos e divulgar a cidade que tem no turismo uma importante fonte de arrecadação. Os donos de hotéis e similares, bares, biroscas e restaurantes viram aumentar seus lucros e gostaram muito da frequência composta de uma clientela educada, ordeira e pacata. As entidades médicas exultaram com o nível dos futuros esculápios, pelo menos os do Rio de Janeiro.

Claro que nem tudo foi um mar de rosas e alguns incidentes vieram perturbar o clima de ordem e tranquilidade que invadiram a cidade nesse período. Um morador da Rua Asenorab, incomodado com a gentileza de alguns estudantes que faziam uma serenata em baixo de sua janela, fantasiados de Adão, desferiu um tiro e feriu um dos futuros médicos nas nádegas, quase acertando o alvo; o pobre rapaz que acabara de sair de uma prova de “boca ao copo” foi parar no hospital. Aliás, o mesmo aconteceu com outro, que inadvertidamente, entrou em contato com um pó branco e teve de curar a alergia proveniente desse contato nas enfermarias do Luar Ãtres, o hospital de Ogrubirf.

O OREM terminou no dia 12 de outubro, Dia das Crianças e Ogrubirf em peso se reuniu para o bota fora dos atletas e, em lágrimas, lamentou o fim do evento, tão construtivo e dignificante para a cidade.

Astrogildo se despediu do amigo, feliz por ter participado de algo diferente e já pensa em fazer um abaixo-assinado pedindo que o evento passe a fazer parte do calendário turístico da cidade. Disse ainda que se Friburgo estiver a fim de sediar algo semelhante, ele tem condições de enviar todas as informações para que uma futura olimpíada aqui seja igual ou melhor que a de Ogrubirf. Mas ficou indignado quando soube que Silopórtep e Silopóseret, cidades próximas, se recusaram a patrocinar a OREM. Em Anurepati, o evento foi suspenso dois dias após seu início, pois o prefeito ficou incomodado com o clima de igreja que tomou conta da cidade.

Amém.