O que dizer das pesquisas eleitorais - 21 de setembro.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Incomodado pelos resultados das pesquisas eleitorais, não em função de A ou B estar na frente, mas pelo fato de não se divulgar a metodologia utilizada, resolvi tentar encontrar respostas para muitas dúvidas. É fato notório que o entrevistado pode ser levado a dar a resposta que se deseja, basta para isso uma indução sutil.

Se eu pergunto a um eleitor se ele vai votar, para presidente, na candidata do Lula e sua resposta for sim, ponto para Dilma; mas se for negativa, não soma ponto para os demais. Além disso, existe uma diferença entre oferecer ao cidadão uma lista de nomes para que ele aponte o seu candidato e perguntar diretamente em quem ele vai votar. Temos de considerar que seis meses após uma eleição, poucos são aqueles a se lembrarem dos nomes ou números que colocaram na urna eletrônica.

Outro problema é o local em que ocorrem tais enquetes, pois o desnível cultural e econômico pode levar a resultados diferentes. Tanto isso é verdade que os mais recentes escândalos do governo, o vazamento dos dados fiscais promovidos pela Receita Federal e as denúncias contra Erenice Guerra, ministra da Casa Civil, produziram pouco efeito nas sondagens sobre as preferências do eleitor. O instituto de pesquisa Datafolha mostrou que apesar de 57% dos entrevistados terem tomado conhecimento desses episódios, só 12% se consideraram bem informados. Isso se deve ao fato de que “os mais escolarizados (86%) e que têm maior renda mensal (84%) são os que mais sabem do assunto, no entanto esses segmentos são minoritários no eleitorado” (dados colhidos no www.blogdocampbell.com.br).

Se recuarmos no passado recente, veremos que o ex-presidente Collor, cassado na época, era aprendiz se comparado ao pós-graduado Luiz Inácio Lula da Silva. Os escândalos do atual governo são um vasto campo para estudos acadêmicos sobre a importância do marketing na construção de uma imagem. Não podemos esquecer nunca ter sido esse mesmo marketing um dos responsáveis pelo crescimento do nacional socialismo alemão e de seu trágico líder, Adolf Hitler. Se o marqueteiro competente é capaz de enganar até os mais cultos, o que dizer daqueles cujas circunstâncias da vida limitaram o horizonte cultural.

A considerar ainda o fato de uma parcela importante da população dar preferência àquele que está na frente das pesquisas. É a regra do “nunca perdi uma eleição, meus candidatos sempre venceram”. Infelizmente, existem pessoas cujo grau de politização é suficientemente pequeno para apostar na sua própria opinião e poder de observação e, infelizmente, tendem a seguir a maioria. A pesquisa pode ser considerada um tipo de indução.

Estamos a menos de um mês das eleições, o país vai conhecer seu novo presidente, os novos governadores e representantes nas assembléias legislativas e Congresso Nacional. Se o nível dos nossos futuros representantes for igual ao da campanha eleitoral, Deus nos livre e guarde. Poluição sonora e visual, baixarias de todos os tipos, slogans os mais surrados possíveis, promessas das mais descabidas possíveis, verdadeiros camelôs do antigo Largo da Carioca no Rio de Janeiro, anunciando seus produtos, tal e qual prostitutas tentando atrair clientes.

Pobre de nós eleitores que somos obrigados a ouvir candidatos apregoarem que são ficha limpa, quando isso é sua obrigação como cidadão e não um predicado a mais para convencer o eleitor.

Pesquisa eleitoral no Brasil é séria? Vale a pena sair de casa para votar?

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Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

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