Contra o patrimônio

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Não raramente em um ponto de venda, durante o já mal tratado atendimento, precisamos nos deparar com outra mazela: funcionários que falam mal da vida, da empresa, dos colegas. Imediatamente imagino o quanto não fala mal de mim que não acato suas sugestões que me soam como ordens ou o quanto incompetente não é para trabalhar cercado de ‘incompetência’.

Neste desagradável processo, além de criar barreiras outras ao processo de venda, alguns optam por confundir o cliente com um amiguinho de intimidade e perfil ético discutível e abre seu coração amargurado, e de forma descontente, vomita os atrasos salariais ou os baixos patamares salariais, os desmandos do chefe ou da incapacidade dos colegas.

Muito curioso como alguém tão capacitado e educado como este ser, que só reclama de todos, está fadado a um emprego tão ruim?! Isso faz sentido?! Parece anúncio de prostituta em jornal, que pela descrição dá até vontade de casar, e você se pergunta, por que com tantos dotes lhe restou esse caminho?!

Sem creditar à vida qualquer senso de justiça, mas acreditando que ela obedece a um mínimo de lógica, quero crer que este vendedor certamente é vitima de sua própria capacidade e qualificação, ou ausência de ambos.

Reclamar nunca foi comportamento profissional. Reclamar com o consumidor muito menos. Desta forma é inadmissível que um vendedor confunda um comprador com um penico de carteira.

O segundo aspecto é que reclamações contra empresas ferem primeiro o profissional, pois sabe-se na hora o quanto este é fraco, pois contenta-se com o que tem, além de demonstrar o quanto lhe falta de ética, pois cospe no prato que come ou comeu. A empresa sai sempre menos manchada que o funcionário ‘reclamador’ e o consumidor fica furioso e aborrecido com seu atendimento.

Falar mal de colegas de trabalho não é nenhum glamour, não se obtém distinção sendo o menos ruim, e o grau de valorização não surge do escrachado desabafo contra os demais, mas da sutil competência exercida.

Trabalhar direito tem muito mais a ver com o resultado obtido do que com o esforço realizado. Tem a ver com o alinhamento às expectativas do comando da empresa e não com o senso individual de cada um, e seja lá qual for o grau de satisfação com um emprego, jamais reclame, durante ou mesmo depois. Nenhum empregador admite alguém à sério nesta condição. Falar mal dos outros é antes de tudo falar mal de si, é sempre jogar contra o patrimônio.

Aproveito para agradecer às diversas sugestões de tema e e-mails elogiando a coluna e dedico esta a Deborah Pinaud, colega de Universidade Candido Mendes que me sugeriu o tema e me fez viajar em muitos atendimentos já vividos.

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