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Marido compulsivo sexual: o que fazer?
Aumenta a cada dia o número de pessoas com compulsão sexual. Mais homens que mulheres. Será um tipo de vício? Algo como vício de uma droga? Se uma mulher casada vive com um marido compulsivo sexual, o que ela deve fazer?
Se o indivíduo se masturba duas ou três vezes ao dia e ainda quer sexo com a esposa no mesmo dia, isto é exagerado e doentio. A esposa de um marido assim não tem que ficar preocupada em satisfazê-lo, pois esta insaciedade dele existe por questões pessoais dele, não falhas da esposa. Não tente agradá-lo no que é exagero dele. Esta obsessão sexual é algo para ele resolver dentro dele e não com a esposa.
Um marido obsessivo sexualmente acaba tendo sexo fora do casamento com o argumento de que a esposa não o satisfaz. A verdade é que ele não tem o direito de tentar resolver traumas pessoais com sexo extraconjugal e nem com pressão sobre a esposa para ter mais sexo do que o normal. Ele tem que parar com isso, pois não cabe no casamento normal. A esposa não consegue mudar este marido. Ela deve entender que não causou isto (a compulsão sexual dele), não pode curar isto, e não pode controlar isto. Ele é que tem que assumir o problema como algo pessoal e procurar ajuda. Se não quer ajuda porque nega ter um problema pessoal, então a esposa precisa se proteger fisicamente, emocionalmente e espiritualmente. Ela corre o risco de pegar doença sexualmente transmissível, já que ele pode ter vida sexual extraconjugal. O casamento não deve continuar assim.
A esposa deve evitar agir como mãe superprotetora, suportando tudo calada, sem se defender e tolerando os abusos. Isto não quer dizer que ela deve trair também, divorciar logo ou maltratá-lo. Mas tem que conversar com ele, em hora propícia, e dizer que assim não pode continuar porque isto não é bom para o casamento.
Ela não deve violar sua consciência, tolerando o intolerável. Se ele ameaçar agredi-la, ela deve dizer que precisará de ajuda. Se tiver medo de que ele a agredirá se disser isto, procure um parente confiável e abra o jogo pedindo ajuda. Se o parente negar ajudar, procure um advogado confiável, um grupo de defesa da mulher e se oriente. Porque se ele tiver um transtorno de personalidade (quadro mental grave), talvez a esposa terá que ter alguma ajuda legal para se proteger, pois ele poderá ficar violento diante da firmeza dela em colocar limites.
Um marido compulsivo por sexo (ou álcool, etc.) não está dizendo que seu cônjuge não é legal, mas sim que ele é que não está bem com ele mesmo. Um cônjuge não merece ficar sofrendo com uma pessoa que trouxe para dentro do casamento problemas pessoais complicados e que recusa ajuda. Uma pessoa com codependência afetiva tem tendência a tentar salvar os outros das consequências das escolhas deles, o que não funciona e estressa a todos. Talvez esta esposa precise resolver esta tendência, se ela for codependente.
Uma esposa vivendo com um marido compulsivo sexual tem o direito de dizer “não” para o sexo, quando disser “não”, este é o seu limite.
Resumindo, a esposa neste caso deve: 1) Conversar com o marido explicando que não quer continuar com um compulsivo sexual, falando sobre como ela se sente nesse tipo de relacionamento. O foco da conversa deve ser como ela se sente, e não o que ele faz. 2) Diga que você precisa se proteger de doenças e que a solução não é usar camisinha, mas ele ser fiel e controlado. 3) Diga que crê no casamento, mas que tem que ter fidelidade e equilíbrio, pois sem isso não dá. 4) Diga que você terá que pedir ajuda a algum parente, ou advogado ou delegacia da mulher, não para prejudicá-lo, mas para proteger-se caso ele a agrida fisicamente e insista na compulsão sexual. 5) Admita que talvez ele não tenha jeito porque pode ficar rejeitando ajuda e que, talvez (tomara que não), seu casamento venha a terminar. 6) Não tolere o intolerável. Ser humilde, compassiva, submissa, não significa ter que suportar abusos dele. 7) Não tenha medo de ficar sozinha caso ele a deixe. Deus odeia abusos e lhe ajudará.
Cesar Vasconcellos de Souza
Saúde Mental e Você
O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.
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