Como os avestruzes!

sábado, 31 de julho de 2010

Ninguém pode negar que o corpo humano traz, dentro de si, um médico de grande sabedoria e com a experiência dos milênios de sobrevivência da espécie no planeta.

Em tempos muito antigos, a medicina não dispunha dos poderosos métodos de diagnósticos da atualidade, como os sofisticados exames de sangue que tudo revelam, ou as técnicas de estudo do corpo por imagens, ressonância magnética, ultrasonografia e as tomografias.

Foram épocas difíceis. Os médicos daqueles tempos eram observadores do corpo e dos seus sinais. E os melhores especialistas, os que mais se destacavam, eram aqueles que melhor entendiam o significado da linguagem corporal.

No silêncio das espaçosas e silenciosas enfermarias, eles buscavam decifrar as mensagens emanadas daqueles organismos.

Muitos foram os que se tornaram perfeitos entendedores e tradutores das mensagens do médico interior de cada um de seus pacientes.

Das febres que só ocorriam ao entardecer, dos odores dos suores frios aos primeiros sinais do amanhecer. Da palidez amarelada dos olhos e da pele.

Sabiam exatamente o significado das diferentes dores que atormentavam seus pacientes.

Na falta dos recursos, tão acessíveis nos dias de hoje, que em questão de minutos ou horas fornecem as informações mais vitais, valiam-se da experiência da prática diária de procurar entender as evidências que o corpo deixava aparecer.

Nos dias de hoje, apesar de todo o arsenal disponível para promover a cura, um número enorme de pessoas parece fechar os olhos e ouvidos diante dos avisos que seus corpos emitem de forma clara.

São indivíduos que buscam tapar o sol com uma peneira, como dizia vovó Neném. Ao invés de entender que as dores de cabeça que os atormentam são uma importante mensagem do médico interior, avisando que alguma coisa vai mal, tomam por conta própria uma enxurrada de fortes analgésicos. O mesmo ocorre com dezenas de milhares de pessoas, com sintomas de doenças que vão desde o diabetes, a pressão alta, sangramentos pelo intestino e outras tantas. Mulheres que já não menstruavam há muitos anos apresentam subitamente sangramentos vaginais que procuram ocultar da família e de seus médicos, na esperança de que aquilo não fosse nada e que logo iria passar.

São atitudes e comportamentos difíceis de entender. Lembram a historia que se conta a respeito dos avestruzes (as maiores aves do mundo), os quais diante do perigo enfiam a cabeça debaixo da asa na esperança de que o mesmo desapareça.

Se o seu corpo está dando algum aviso, minha amiga, não perca tempo!

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Dr. Norberto Louback Rocha

Dr. Norberto Louback Rocha

A Saúde da Mulher

O ginecologista e obstetra Norberto Rocha assina a coluna A Saúde da Mulher, publicada às terças no A VOZ DA SERRA. Nela, o médico trabalha principalmente a cultura de prevenção contra os males que atingem as mulheres.

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