Colunas
Mercado de luxo
Apesar da apologia ao baixo preço, o mercado de luxo vai bem, obrigado.
A cultura do preço baixo vem sendo consolidada considerando a invasão de consumidores ex-classe E, agora classe D, e por uma parcela destes que ascenderam e formam, junto com os que ali já estavam, a legião de consumidores da classe C, a grande população que faz do mercado de massa o balaústre do crescimento da economia da era Lula.
Indiferente a essa pressão por massificação, preço baixo e qualidade às vezes duvidosa, o mercado de alto luxo segue com saúde e com muita prosperidade. Embora ainda apresentando certa confusão; considerando a linha tênue que divide alguns conceitos que cercam o alto luxo, como a busca por exclusividade do simples exibicionismo, o conforto da fácil cafonice, o especial do sempre descartável supérfluo; tal mercado bate índices de crescimento de 35% ao ano.
No país da diferenças sociais, nada mais natural que os ”Classe A” – neste caso os chamados “A – gargalhada” (são muitos “As” – aaaaaaaa), parcela que possui renda mensal superior a vinte e cinco mil reais, que apesar de responder por apenas uma pequena parcela da população movimenta cifras respeitáveis neste mercado e empurra os índices de crescimento para os dois dígitos e coloca o Brasil entre os 10 maiores mercados de alto luxo do mundo.
Daslu, H.Stern, Forum, Victor Hugo e Osklen, são algumas das marcas preferidas dos brasileiros que buscam exclusividade e qualidade, mas morar no coração de clientes tão exigentes tem seu preço e carece de cuidados muito especiais. O cliente classe A (A gargalhada) convive com o estado da arte do atendimento, com as melhores bajulações e surpreendê-lo é algo cada vez mais difícil, considerando inclusive sua mobilidade ao longo do mundo.
Falando em experiências pelo mundo, nossos Vips vêm usufruindo de novas oportunidades, como por exemplo o luxo compartilhado. Essa moda que se iniciou nos anos 90, no exterior, cada vez mais mostra sua força no Brasil, e cria novos adeptos a cada dia.
Usuários compram em comum, frações ideais de casas de luxo, resorts, barcos e até mesmo helicópteros. São grupos restritos de cinco, dez cotistas que rateiam entre si custos, responsabilidades e usufruem em conjunto dos benefícios de, por exemplo, terem um helicóptero de 7 milhões de dólares a sua disposição.
Enquanto isso a classe C segue firme em seu consórcio de Natura, e quem sabe não faz uma versão adaptada do helicóptero e não cria – diferente do que alguns possam acreditar, não vai ser o Chevetão 74 compartilhado ou casa em Iguabinha – a da Limousine, do resort em Buzios, ou do Iate em Angra. Reforça a teoria de que mais importante que ter é usufruir.
Salvo engano, meu carnê da Natura está atrasado! Vamos trabalhar...
“Roberto Mendes é publicitário, especialista em marketing pelo Instituto de Administração e Gerência da PUC/RJ, professor titular da Universidade Candido Mendes e sócio da Target Comunicação.”
A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.
Deixe o seu comentário