Show de bola

sábado, 31 de julho de 2010

Que o esporte já é um mundo de bons negócios, já sabemos faz tempo. A dedicação por amor por parte dos atletas se perdeu no tempo de Garrincha, Pelé e Rivelino. Pelé ainda usufrui de muitos holofotes, grana da publicidade e segue blindado sob o escudo de atleta do século e gênio do futebol que foi. Mas e essa turma que corre os gramados hoje?

Muito mais que estrelato, todos usufruem de muito dinheiro em seus contratos com seus clubes, com campanhas publicitárias que chegam a confundir os telespectadores, tamanha a quantidade de marcas que vendem simultaneamente, e ainda com tráfico de influência para não citar outros tipos de tráfico...

Mas o esporte gira muito dinheiro. Por exemplo, a liga de críquete da Índia, fechou contrato para transmissão via internet, em cifras que alcançam U$ 1 Bi, e estamos falando de críquete na Índia! Mensure se for capaz o quanto a Fifa não arrecadou!?

Vamos a alguns exemplos: A Coca-Cola, presente em todas as edições do evento desde 1950, é hoje patrocinadora permanente da Fifa. O contrato mais recente, assinado em 2005, tem validade até 2022 com valor de US$ 600 milhões. A Adidas, também parceira da Fifa desde 1970, e criadora da bola – Jabulani, também patrocina 12 das 32 seleções participantes. Outra marca forte é a Visa, parceira da Fifa desde 2007, com exclusividade em sua categoria até 2014, sendo o único cartão de crédito, débito e pré-pago aceito nos estádios da Fifa e nos estandes de produtos neles instalados. A recém-chegada Sony, desembolsou US$ 305 milhões, com contrato válido até 2014.

E a Fifa quer mais! Seu novo modelo, já em vigor, de comercialização, distingue em três categorias seus parceiros de marketing: parceiros da Fifa, que acompanham a entidade em todas as suas competições ou eventos; patrocinadores da Copa do Mundo da Fifa, exclusivo para os jogos de quatro em quatro anos; e apoiadores nacionais, parceiros locais no país-sede.

No Brasil, por exemplo, chegam a 70, as marcas relacionadas ao evento, seja a seleção ou cobertura do evento. A TV Globo, por exemplo, emitiu, corretamente, circular específica proibindo seus anunciantes de pegar carona indevidamente no evento, restringindo o uso das palavras como copa do mundo, Fifa, copa da África do Sul no conteúdo dos comerciais veiculados.

O esporte tem o poder de derrubar preconceitos, aproximar similares e diferentes, de falar uma linguagem universal, de agregar uma multidão de consumidores e de alcançar o coração das pessoas. Seu potencial de universalização, não é alcançado por qualquer outro produto ou situação; religião, filme, teatro, livro...Seu valor de negócio nasce disso e certamente é cultivado cada vez mais pelos anunciantes e redes de comunicação como um produto único e de potencial inigualável, que satisfaz as grandes marcas e atende a outros tantos interesses, entre eles políticos etc.

Cabe a nós não assistirmos a todo o espetáculo, convencidos que a todo o patriotismo ou paixão pelo clube como tantos se deixam acreditar, pois no fundo, é espetáculo, com patrocínio, direção e contrarregra, como todo e qualquer bom espetáculo.

“Roberto Mendes é publicitário, especialista em marketing pelo Instituto de Administração e Gerência da PUC/RJ, professor titular da Universidade Candido Mendes e sócio da Target Comunicação.”

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