Parabéns, vovó pílula!

sábado, 31 de julho de 2010

Este mês a nossa pílula anticoncepcional comemorou os seus bem merecidos 64 anos de vida. Já foi criança,passou pela adolescência e juventude e agora se apresenta como uma sessentona gozando de boa saúde.

Desde o seu lançamento no mercado farmacêutico na maioria dos países ocidentais, ela foi alvo de pesadas criticas, vindas de varias direções. Dos meios médicos, advertências que chamavam a atenção para os riscos gravíssimos para a saúde das mulheres.

Dos estudiosos da estatística do crescimento populacional, vinham suposições de que ela poderia causar um tremendo desequilíbrio nas populações pela drástica diminuição do numero de nascimentos.

Das diferentes denominações religiosas, também vieram alertas sobre as consequências que seu uso poderia causar no seio das famílias. Previa-se um desmantelamento dos elos familiares.

Debaixo de toda esta saraivada de criticas, lá foi ela abrindo seu caminho aos trancos e barrancos. Para as mulheres, ela foi o primeiro instrumento que verdadeiramente as libertou dos grilhões da gravidez obrigatória, que se seguiam, uma após outra, ao longo da vida fértil.Totalmente à mercê da sorte e do desejo masculino elas morreram aos milhares, quem sabe até mesmo aos milhões, pelo mundo afora em consequência de partos prolongados e difíceis, vitimas de hemorragias e infecções causadas pela falta de condições mínimas de higiene.

De posse de sua caixinha de pílulas, pela primeira vez na história da humanidade, puderam as mulheres ter o controle do seu destino no que dizia respeito ao numero de filhos que queriam, ou podiam, ter.

Pela primeira vez em suas vidas sofridas, não estavam mais dependentes da vontade dos homens. Eram finalmente senhoras de si.

Nos tempos anteriores ao aparecimento da pílula, a quantidade de abortamentos provocados, única maneira naqueles épocas de se evitar a gravidez, era brutalmente grande. Igualmente grande era número de mulheres que morriam por causa disto. Neste aspecto a pílula foi um elemento salvador da muitas e muitas vidas. Sem contar com a grande quantidade de crianças que nasciam em famílias já muito numerosas e que faleciam aos montes por falta do que comer e por falta de condições mínimas de vida.

Mas a pílula também tem o seu lado negativo. Muitas mulheres tiveram doenças pré-existentes, como pressão alta, diabetes,câncer e outras tantas, agravadas pelo seu uso.

Muitas faleceram de tromboses e infartos cardíacos.

Mas creio que o saldo final foi mais positivo para elas. Eis que hoje , sessenta anos mais velha, ela continua ainda como grande aliada da mulher moderna. Não se produziu nada que a substitua com a mesma segurança e relativamente poucos danos comprovados à saúde feminina. Parabéns, vovó pílula!

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Dr. Norberto Louback Rocha

Dr. Norberto Louback Rocha

A Saúde da Mulher

O ginecologista e obstetra Norberto Rocha assina a coluna A Saúde da Mulher, publicada às terças no A VOZ DA SERRA. Nela, o médico trabalha principalmente a cultura de prevenção contra os males que atingem as mulheres.

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