O excesso e a escassez!

sábado, 31 de julho de 2010

Como disse um endocrinologista muito respeitado de São Paulo, em recente entrevista a uma emissora de TV, estas pessoas são como uma bomba de efeito retardado, é imprevisível o momento de sua explosão.

Referia-se aos portadores da chamada obesidade mórbida.

Neste ponto, parece que a maioria dos seus colegas médicos e de outros profissionais que lidam com a saúde humana concordam com ele. A questão da obesidade já não é um problema restrito a um ou outro país ou nacionalidade, tornou-se uma questão que afeta numerosas nações.

E mostra uma chocante realidade mundial, enquanto algumas nacionalidades sofrem com ela, outras populações do planeta apresentam grandes parcelas de sua gente sofrendo de uma doença oposta, a desnutrição por falta de alimentos.

Esta questão espelha uma das diversas realidade conflitantes do mundo em que vivemos. Enquanto muitos adoecem pelo excesso de calorias ingeridas diariamente, outros tantos adoecem exatamente pelo contrário.

A natureza em sua imutável e milenar sabedoria não convive bem com os extremos.

Nem com o excesso nem tampouco com a escassez. O caminho do meio é o mais acertado.

Alimentar-se demais adoece, alimentar-se de menos também.

As pesquisas em busca de uma resposta e de uma saída para a questão da obesidade mórbida avançam lentamente mas também de modo contínuo.

As medidas baseadas na solução cirúrgica da questão já são uma realidade, embora com muitas divergências entre diferentes escolas medicas a respeito de qual seria a melhor técnica. Ninguém tem duvidas entretanto a respeito das estatísticas que mostram com crueza a realidade dos obesos mórbidos.

Perda total da qualidade de vida. Tornam-se uma grave dificuldade para suas famílias não apenas do ponto de vista físico mas emocional. Uso de medicamentos caros e em grande quantidade, muitas doenças que apresentam a todo momento, pressão alta, diabetes, entre as mais frequentes, as tremendas dificuldades para se locomoverem dentro das próprias casas e para seus cuidados de higiene pessoal, que exigem a atenção diária de mais de uma pessoa, o que pouquíssimas famílias podem suportar principalmente quanto ao aspecto financeiro, e os custos para o estado com aposentadorias precoces, internações frequentes e longas, ocupando leitos hospitalares que deixam de atender a outras pessoas com outros tipos de doenças emergências.

Uma grande esperança para esta grave questão, reside em estudos que buscam entender mais a respeito dos mecanismos metabólicos e psíquicos que governam o apetite.

A descoberta destes mecanismos permitirá uma solução, em termos de milhões de pessoas, para a grave questão. Até lá campanhas, governamentais de esclarecimento e orientação são uma das saídas. A cirurgia bariátrica (para redução de peso) continuará atendendo os casos mais graves. Vamos portanto aguardar.

Por motivo de merecidas férias, que estão sendo adiadas há alguns anos, o colunista pede licença e desliga o computador. Vou conhecer um pouco do velho mundo e beijar minha netinha que nasceu na Noruega. Em breve estarei de volta. Um abraço a todos!

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Dr. Norberto Louback Rocha

Dr. Norberto Louback Rocha

A Saúde da Mulher

O ginecologista e obstetra Norberto Rocha assina a coluna A Saúde da Mulher, publicada às terças no A VOZ DA SERRA. Nela, o médico trabalha principalmente a cultura de prevenção contra os males que atingem as mulheres.

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