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Você vive no automático?
quinta-feira, 20 de setembro de 2012
Uma pessoa, qualquer pessoa, muda o que é quando pode, e não quando ela quer. Nesse exato momento de sua vida, com todos os recursos que você possui mentalmente (cultura, inteligência, capacidade de raciocinar, força de vontade, determinação, etc.), você só pode fazer coisas em sua vida, em sua personalidade, até certo ponto. É como a visão física humana. Olhe bem para frente agora. Veja que há objetos/pessoas ao seu lado esquerdo e direito que você não consegue enxergar bem, a menos que vire a cabeça naquela direção. Então, sua visão, para ficar no foco correto, só consegue enxergar bem até um certo ângulo.
Assim é com a vida mental. Você só pode o que pode. Há um limite nesse exato momento de sua vida em sua própria maneira de ser que impede de ser diferente. Mas você pode contra-argumentar: “Ah! Você não me conhece! Eu sou muito capaz e muito determinado(a) e posso muito mais coisas do que você pensa que posso!”. É verdade, pelo menos verdade parcial, porque você pode mesmo ser uma pessoa proativa e conseguir muita coisa na vida. Já atendi empresários(as) bem-sucedidos(as) profissional e economicamente e que chegaram ao meu consultório lá pelos 60 anos de idade (ou menos!), com raiva deles mesmos dizendo: “Como é que pode? Sempre fui ativo(a), empreendedor(a), montei empresas, ganhei muito dinheiro, e agora estou aqui diante de um psiquiatra por causa de depressão (ou outro sintoma emocional)!”.
Um dia a ficha cai. O que é mal resolvido no passado, mesmo na infância da pessoa, vai voltar. Volta com sintomas. Pode demorar 40 anos ou mais, mas volta. Volta porque precisa ser resolvido. Volta porque a mente sabe a verdade. É como se ela dissesse: “Há algo aqui dentro de nós pendente! Jogamos conflitos por debaixo do tapete de nossa consciência, sem serem resolvidos. Precisamos parar para pensar, entender e encontrar solução construtiva!”.
Mas a grande maioria vive no automático. O que é viver no automático? Já dirigiu um carro com câmbio automático? Qual a diferença entre um carro com câmbio automático e um com câmbio manual? Com câmbio automático basta você colocar a alavanca no D (drive = dirigir) e pronto, segue em frente sem se preocupar com a troca de marchas. Já com o câmbio manual, você precisa trocar as marchas com frequência especialmente se estiver dirigindo na cidade.
Vivendo no automático, as pessoas se assustam quando algum problema emocional ocorre na vida delas porque viver no automático é não pensar, é agir mais por impulso, pelo desejo. Isto não é mau em si, mas pode ser perigoso porque as emoções nos enganam muitas vezes.
No pensamento ou cultura pós-moderna, o que vale é o que você sente. Comecei a escrever essa matéria ao ar livre, e tive que ir para um local coberto porque veio uma chuvinha. Em seguida abriu o sol. Isto em questões de 15 minutos. Assim são nossas emoções, elas flutuam muito, especialmente nas pessoas muito “emocionais” que são as que não gostam muito de pensar, pensar da causa para o efeito. Elas gostam é de “viver” novelescamente ou tomar remédio para “me sentir bem” sem ter que pensar. Um autoengano e uma vida superficial.
Saúde mental depende do equilíbrio entre viver a razão e a emoção. O desafio é ter as emoções sem deixar que as emoções tenham você. Acho que podemos dividir as pessoas, quanto à saúde mental, em um grupo que funciona muito no racional, mais frias, calculistas, sem (ou com pouca) misericórdia para com o sofrimento alheio, e outro grupo de pessoas emocionais, cheias de paixão exagerada, vivem com as “antenas emocionais” ligadas ao máximo, se espantam quando alguém as confronta tentando mostrar que elas estão deixando as emoções tomar conta da mente delas, e se achando “amorosas” por confundirem amor com emoção.
O mundo está ficando mais violento porque as emoções descontroladas estão tomando conta das pessoas e elas constroem a sociedade numa base emocional, ou seja, “se me sinto bem, então é válido”. Mas este é um pensamento demoníaco eu diria! A verdade, a honestidade, a pureza, a misericórdia, a caridade, o amor, a fé, a bondade, a mansidão, a fraternidade, a ética, estão acabando.
Vamos votar para eleger prefeito e vereadores. Não vá pela emoção. Pense. Quem quer se reeleger fez o que pela sociedade? Sua vida melhorou na gestão deles? A vida na cidade melhorou? Se não, escolha um novo candidato que tem um plano de ação razoável. Razoável significa não fora da realidade. Pense. Pesquise. Busque informações sobre os candidatos. Quem já esteve no poder e não melhorou a vida na comunidade, não merece ser reeleito.
![César Vasconcelos de Souza César Vasconcelos de Souza](https://acervo.avozdaserra.com.br/sites/default/files/styles/foto_do_perfil/public/colunistas/cesar-vasconcelos.jpg?itok=s6vlX85j)
Cesar Vasconcellos de Souza
Saúde Mental e Você
O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.
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