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Vamos acabar com o preconceito
quinta-feira, 27 de março de 2014
"Preconceito é um juízo pré-concebido, que se manifesta numa atitude discriminatória, perante pessoas, crenças, sentimentos e tendências de comportamento.” (http://www.significados.com.br/preconceito). Como o preconceito pode prejudicar a vida, os relacionamentos, a conduta social? É possível pessoas ou instituições terem preconceitos contra pessoas ou instituições a quem acusam de serem preconceituosas?
Assisti notícia na TV sobre uma "cartilha da copa” a ser lançada no Brasil com orientações para o povo, incluindo informações sobre prevenção de doenças sexualmente transmissíveis. Um dos ítens da cartilha orienta que a pessoa pode escolher não ter relações sexuais como prevenção de doenças. No noticiário, uma mulher, não lembro quem é, fez dura crítica contra este ítem da opção de abstinência sexual, dizendo que foi erro colocar isto na cartilha, pois esta sugestão pode gerar culpa nas pessoas.
Quase inacreditável o que esta senhora disse! Porque a mídia só coloca este lado da questão! Você acha que as notícias selecionadas para serem apresentadas na TV e rádio são inocentemente escolhidas? Não há uma ideologia nesta escolha e uma intencionalidade e conflito de interesses? Aquela mulher disse uma idiotice. O que você acharia se alguém dissesse: "Não coloque na rua X a placa de velocidade permitida 50km, porque quem quiser andar a 70km/hora sentirá culpa! A frase do Ministério da Saúde "O fumo mata” gera culpa e assim deve ser eliminada das propagandas para o público?
Será que toda culpa é doentia, é ruim? Claro que não! Há a culpa falsa e a verdadeira. A falsa é fruto de exageros, de fanatismo, de perfeccionismo. A verdadeira é sempre transgressão de alguma lei, seja lei do código penal, da lei do trânsito, lei de Deus, lei da família, do casal, de uma empresa, etc. Eliminar culpa verdadeira é perigoso e as consequências geralmente são trágicas. Corruptos continuam no poder lesando o povo porque se absolveu a culpa verdadeira deles. E quem os absolveu também são culpados.
As pessoas precisam ser orientadas e relembradas que, se quiserem, não precisam ter relações sexuais só porque, dizem, "todo mundo transa”. Não é verdade que todos os jovens têm relações sexuais antes de casar. Não é verdade que a virgindade, seja do rapaz ou da moça, até casar é neurose. Não é verdade que é preciso transar antes para se dar bem depois. Muitos que tiveram sexo antes de casar têm sérios problemas sexuais no casamento. A ciência séria tem verificado que o mais importante para um casamento harmonioso não é muito sexo, antes ou depois, mas é desenvolver a afetividade, o autocontrole, a fidelidade, etc. Sexualidade não é afetividade. Pessoas compulsivas sexuais são imaturas nesta área. Patrick Carnes, Ph.D., em seu brilhante livro "Isto não é amor” mostrou que, no fundo, os viciados em sexo têm grande sentimento de abandono.
Temos que lutar contra o preconceito que há contra princípios éticos e cristãos sobre a conduta humana, seja na área sexual ou não. O mundo gay reclama de preconceitos contra homossexuais. Isto deve acabar, concordo! Mas os homossexuais assumidos também precisam parar com o preconceito contra as pessoas que pensam diferente deles sobre a origem e a prática da homossexualidade! A liberdade e ausência de preconceito devem existir também neste grupo de pessoas em relação àqueles que não querem praticar a homossexualidade, não aprovam a homossexualidade ao procurar seguir os conceitos bíblicos. Assim como os homossexuais têm o pleno direito de fazer o que quiserem com sua orientação sexual e com o seu conceito de homossexualidade, outras pessoas que não aprovam a homossexualidade (embora não tenham nenhum preconceito contra o indivíduo homossexual) e tem uma visão bíblica do assunto, também tem o direito de não concordar com esta conduta e têm o direito de terem suas crenças e conceitos próprios sobre o assunto. Esta liberdade de pensamento é garantida pela Constituição de nosso país, sendo uma prática de bom senso dentro de uma democracia.
Há uma diferença abismal entre ter um conceito diferente dos homossexuais sobre a homossexualidade, e ter preconceito contra os homossexuais. Conceito não é preconceito. Se os homossexuais não aceitam que outras pessoas pensem diferente deles sobre a homossexualidade, eles estão sendo preconceituosos.
O Conselho Federal de Psicologia proíbe que psicólogos ajudem pessoas com homossexualidade a adotarem outro comportamento por escolha do indivíduo que procura o psicólogo espontaneamente. Proíbem que psicólogos apresentem palestras colocando conceitos cristãos sobre a homossexualidade, ou escrevam artigos sobre isto. Que nome você daria para esta posição deste Conselho? Eu chamo de ditadura ideológica. Um abuso, uma vergonha e uma tristeza.
Lutemos contra todo tipo de preconceito. Cada pessoa tem que ter liberdade de pensamento, de crença, de visão da vida. As pessoas têm direito de viver com abstinência sexual até casar, ou mesmo se não casar, e esta é uma orientação válida de educação em saúde. O governo brasileiro acertou ao colocar um ítem sobre isto na cartilha! Rollo May, psicanalista ex-presidente da Associação de Psicologia de Nova Iorque, afirma em seu livro "Eros e Repressão” que há pessoas brilhantes e abstinentes sexuais e há pessoas bem neuróticas praticantes de muito sexo. As pessoas que têm um conceito diferente do que os homossexuais têm da homossexualidade também têm o direito de pensar diferente e isto não é preconceito. Ponto. Respeito é bom de lá para cá também.
Cesar Vasconcellos de Souza
Saúde Mental e Você
O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.
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