Transtornos de personalidade – espectros ou grupos – Parte 1

quarta-feira, 27 de abril de 2016

Transtorno de personalidade é uma alteração psiquiátrica grave caracterizada por modelos crônicos de comportamentos inflexíveis que afetam profundamente os relacionamentos interpessoais, sociais e ocupacionais. É uma condição médica psiquiátrica geralmente frustrante para o profissional devido à rigidez da personalidade do indivíduo. Acredita-se que se trata de alterações profundas do caráter.

 Você poderá identificar aqui características que possui, mesmo não tendo um transtorno de personalidade, porque quanto aos sofrimentos mentais, lutas pessoais, todos nós, seres humanos, independente da classe social, econômica, cultural, racial, sofremos com algum tipo de limitação em nossa personalidade. Não há um cérebro sequer na raça humana que seja 100% perfeito. Não há ninguém 100% normal.

O que há é uma variação da qualidade e da quantidade de sofrimento mental. Por isso, a ciência se aproxima agora da visão de “cluster”, “espectro” ou “grupos” nos quais se pode encontrar uma pessoa razoavelmente normal, com alguma alteração mais leve na sua personalidade, até outra pessoa num outro extremo de um espectro com alterações comportamentais graves.

 Isto significa que, por exemplo, você pode ser excessivamente ansioso e perfeccionista, mas não se enquadrar totalmente na personalidade obsessivo-compulsiva. Ou pode ser alguém “sem desconfiômetro” e não se encaixar no transtorno histriônico.

Existem vários tipos de transtornos de personalidade, colocados em grupos (clusters ou espectros), que são:  Espectro A – ímpar ou excêntrico: paranóide, esquizóide e esquizotípico; Espectro B – dramático, emocional ou instável: antissocial, borderline, histriônico, narcisista; Espectro C – ansioso ou temeroso: evitativo, dependente, obsessivo-compulsivo. Vamos ver algumas características em cada grupo.

Espectro A – ímpar ou excêntrico – são pessoas desconfortáveis nos relacionamentos, distantes emocionalmente, com dificuldade de entrosamento, isolados. As com personalidade paranoide apresentam importante desconfiança e suspeita, senso aumentado de medo e vulnerabilidade, têm medo que os outros a machuquem. Lidando com elas, adote uma postura mais formal, ofereça explicações claras, seja sensível e empático para com os medos delas e evite questionar suas ideias paranoides.

Os indivíduos com personalidade esquizóidesão isolados socialmente, têm restrições emocionais, ficam ansiosos quando são forçados a ter contato com os outros, adiam procurar ajuda, não apreciam as coisas. Lidando com eles mantenha atitude mais formal, seja objetivo nas explicações, não force que eles tenham que ter envolvimento social.

Os de personalidade esquizotípica exibem crenças estranhas e quase delirantes. Este espectro é tido como o “espectro esquizofrênico” devido às semelhanças com os sintomas esquizofrênicos e respostas às medicações. Eles geralmente não respondem bem às orientações médicas e são incapazes de formar relacionamentos numa base emocional. Relutam em procurar ajuda médica porque isto requer contato interpessoal, difícil para eles, daí poderem interagir de modo estranho e apresentarem ideias bizarras sobre sua doença.     Quando o profissional procura se aproximar afetivamente e pesquisar dados mais profundos das histórias destas pessoas, elas sentem isto como intrusão e tendem a se afastar. O jeito, ao lidar com estas pessoas, é respeitar a necessidade delas de distância interpessoal e adotar uma atitude um tanto distante mesmo, dar as orientações de modo claro e direto sobre o problema mental delas, evitando confrontar possíveis ideias estranhas que possam apresentar, tolerando-as, assim como ter cuidado para não se deixar envolver por elas.

  Na coluna da próxima quinta-feira, 5 de maio, concluirei este assunto, descrevendo os espectro B e C.

TAGS:
César Vasconcelos de Souza

Cesar Vasconcellos de Souza

Saúde Mental e Você

O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.