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Transtorno bipolar
O transtorno bipolar é um sofrimento mental no qual a pessoa apresenta momentos de euforia exagerada e momentos de depressão. Estas mudanças de humor podem variar quanto a duração de cada fase, eufórica ou depressiva. Uma pessoa pode ficar na fase eufórica por três meses, por exemplo, depois normalizar e um mês depois entrar na fase depressiva. Outro pode sair de uma fase ou polo para o outro rapidamente.
Estudos revelaram que as pessoas que tiveram mais problemas emocionais ao longo da infância tiveram um início da doença bipolar mais cedo e uma duração dela mais longa, comparado com as pessoas que tiveram a doença, mas sem conflitos importantes no passado infantil.
A doença bipolar inclui quatro subtipos: bipolar I, bipolar II, ciclotimia e desordem bipolar não específica. A pessoa com transtorno bipolar I apresenta crises de mania (euforia) com ou sem psicose e depressão. A com bipolar II apresenta episódios de hipomania (crises de euforia mais amenas) com crises depressivas. Na ciclotimia a pessoa tem hipomania e sintomas depressivos que não se enquadram no critério para bipolar II e nem para depressão.
Para se diagnosticar a doença bipolar a pessoa precisa apresentar um ou mais episódios depressivos e um ou mais episódios de euforia. Na depressão a pessoa tem que ter por duas semanas humor depressivo, perda de prazer e interesse nas coisas, tristeza a maior parte do dia, perda ou ganho de peso, insônia ou dormir demais, fadiga, sentimentos de desvalor, excessiva culpa, dificuldade de concentração e de tomar decisões, pensamentos recorrentes de morte, podendo ter também pensamentos de suicídio, etc.
Na fase eufórica (que tecnicamente chamamos de “mania” ou “fase maníaca”), o indivíduo apresenta humor anormal, eufórico demais, sentimentos de grandiosidade, autoestima exagerada, necessidade de dormir bem diminuída (dorme três horas e se sente ótimo), fala demais, mais do que o normal para aquela pessoa, fuga de ideias com pensamentos grandiosos, exagerados, acelerados, mil planos e ideias fora da realidade para aquela pessoa (como fazer compras fora do seu orçamento), distração (não foca a atenção), agitação, excessivo envolvimento em atividades prazerosas com comportamento de risco (indiscrição sexual, etc.). O bipolar na crise hipomaníaca apresenta os sintomas da fase eufórica, só que mais atenuados.
Em 2004 a Organização Mundial de Saúde classificou as desordens bipolares como a 12a doença mais perturbadora do funcionamento da pessoa, atingindo 4% da população dos Estados Unidos. A doença bipolar atinge qualquer pessoa, independente do sexo, raça, etnia. Pode ocorrer em qualquer idade, mas é mais comum em jovens antes dos 25 anos de idade. A bipolar I é mais comum em torno de 18 anos, enquanto que a bipolar II geralmente começa aos 22 anos de idade.
Filhos de pais bipolares têm 4% a 15% de risco de desenvolver a mesma doença comparados com 0% a 2% de risco para as crianças sem pais bipolares. Fatores que causam a doença incluem problemas afetivos durante a infância, fatores estressores graves como suicídio num membro da família, alterações no ciclo do sono, cuidadores da criança que são muito emocionais com descontrole emocional, são hostis, críticos demais. Abuso de drogas como álcool, anfetaminas, cocaína, etc., podem colaborar com o surgimento da doença. Alguns genes podem estar associados com doença bipolar.
O tratamento envolve medicação tanto para a fase eufórica quanto depressiva. A escolha da medicação pelo profissional vai depender da fase da doença e de sua severidade. Claro, primeiro de tudo tem que ter um diagnóstico correto. Recaídas podem ocorrer em um terço dos pacientes no primeiro ano de tratamento e em mais do que 70% dos pacientes dentro de cinco anos. Não se deve usar antidepressivos isoladamente para pacientes bipolares na fase depressiva porque podem empurrar a pessoa de volta a um estado eufórico.
O psiquiatra é o profissional indicado para tratar bipolares prescrevendo os medicamentos controlados, que geralmente são o aripiprazol, olanzapina, quetiapina, risperidona, ziprasidona, haldol, carbonato de lítio, e antidepressivos, além de alguns estabilizadores do humor. Na fase depressiva também está indicado o tratamento psicoterápico, sendo o mais eficaz a TCC – Terapia Cognitivo-Comportamental.
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Cesar Vasconcellos de Souza
Saúde Mental e Você
O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.
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