Tipos de personalidade e problemas cardíacos

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Cientistas classificaram tipos de personalidade como A, B, C e D. Problemas cardíacos têm sido descritos como tendo ligação com pessoas de personalidade tipo D.

Pessoas de personalidade tipo A gostam de mudanças, são impacientes e gostam de arriscar. Elas estão em conflito com as do tipo D, que não gostam de mudanças, são muito pacientes e pensam que as do tipo A são loucas ao se arriscarem tanto, e preferem permanecer estáveis, procurar segurança e saber com o que podem contar. 

Pessoas com personalidade tipo B são extrovertidas, amam festas, viagens e pessoas, sendo geralmente o centro das atenções e tendo suas coisas bem bagunçadas. O contrário ocorre com as do tipo C, que são introvertidas, gostam de detalhes e precisão, levam as coisas muito a sério, são muito arrumadas, calculando tudo o que fazem.

O tipo D de personalidade foi descrito pelo Professor Johan Denollet, da Antwerp University. Ele deu questionários de personalidade para 87 homens que tinham tido um ataque do coração. Após dez anos, aqueles que apresentaram um resultado mais alto quanto aos traços de inaptidão social e ansiedade, tiveram quatro vezes mais probabilidade de ter outros ataques cardíacos. Ou seja, o tipo de personalidade tem a ver com 400% de diferença quanto a chances de sobrevivência após um enfarte.

Entretanto, em 1999, Vicki Helgeson, da Carnegie Mellon University, anunciou um tipo P de personalidade, que seria a pessoa pessimista, com baixa opinião sobre si mesmo e sentindo não ter controle sobre sua vida, como tendo três vezes mais probabilidade de ter um segundo ataque cardíaco do que os outros. Estas pessoas foram chamadas de "RE” — responsivas emocionais. 

O Dr. James Blumenthal da Duke University Medical Center diz que estes "RE” são de extremos, ou seja, quando estão para cima, estão REALMENTE animados! Mas quando estão para baixo, também afundam muito. Blumenthal testou mais de 100 destes pacientes cardíacos e descobriu que as ondas de humor reduziram a corrente do sangue para o coração, o que aumentou o risco de outro ataque cardíaco em 400%.

É, pois, importante que as pessoas sejam tratadas não como máquinas, tomando apenas alguns comprimidos para o coração e se isto falhar, então devem se submeter à cirurgia cardíaca! Os pacientes coronários ficam felizes em conseguir algumas palavras de ajuda e conselhos sobre como relaxar e mudar seu estilo de vida para prevenir complicações. Esperamos que estas descobertas sobre a relação entre o tipo de personalidade e doenças cardíacas possam ajudar os profissionais e os próprios pacientes a não contarem só com comprimidos para resolver a doença.

Pessoas tipo D têm um estilo de pensar muito negativo e constantemente queixando-se de algo. Portanto, em vez de querer resolver dando betabloqueadores, por que não ajudá-los com terapia cognitiva para mudar a forma de pensar? A forma de pensar e expressar emoções afeta a circulação, a pressão arterial, e assim, o coração.

A medicina convencional tende a ver a doença (ou sintomas) como uma rua de mão única. É difícil para muitos médicos acreditar que coisas não palpáveis como a forma de pensar e as emoções possam influenciar algo físico como o coração. 

Poucos anos atrás, Dra. Dominique Musselman, da Emory University em Atlanta, Geórgia, estudou um grupo de pacientes deprimidos que tinham muito a ver com os Tipos D e P de personalidade. Sabemos que a depressão é um forte preditor de ataques cardíacos. Ela aumenta o risco deles em quatro vezes. Ela encontrou que as pessoas deprimidas tiveram 41% mais plaquetas agregadas do que os voluntários normais, fazendo com que seu sangue coagulasse mais. E quando deram um antidepressivo, resolveram este problema sanguíneo. 

Então surgiu a pergunta: isto ocorreu porque o antidepressivo estava atuando diretamente sobre o sangue ou porque os sentimentos de alegria fizeram com que o sangue dos pacientes ficasse menos coagulado? Estudos mostraram que quando uma pessoa toma antidepressivos e o humor permanece o mesmo, deprimido, as plaquetas permanecem agregadas também, mas se um remédio placebo (sem efeito químico) é tomado e faz a pessoa sentir-se feliz, então esta anormalidade no sangue diminui. 

Isto, então, é uma poderosa indicação de que seu humor (afetos) tem um forte impacto físico sobre seu corpo. Por isso, os pesquisadores estão sugerindo que aquilo que vai na sua cabeça é tão importante quanto os níveis químicos de certas substâncias em seu corpo.

"O coração [a mente] alegre serve de bom remédio, mas o espírito abatido virá a secar [danificar] os ossos [o corpo físico].” Provérbios 17:22.


TAGS:
César Vasconcelos de Souza

Cesar Vasconcellos de Souza

Saúde Mental e Você

O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.