Síndrome do Pânico – aprenda a cuidar bem de você

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Crise de pânico é um transbordamento da ansiedade. Ansiedade é um fenômeno mental natural, uma reação emocional saudável que ocorre quando algo nos ameaça. Pode ser ameaça contra nossa vida física ou contra nossa segurança emocional. Na crise de pânico, a resposta emocional de ansiedade é intensa, exagerada, repentina. Crise de pânico é um ataque agudo de ansiedade alta.

Todos possuímos ansiedade, que é sinônimo de angústia e que filósofos chamam de “angústia existencial”. O profeta Naum, no Antigo Testamento na Bíblia, diz que “não virá a angústia a segunda vez.” (cap. 1 verso 9). A primeira é a que experimentamos agora nessa vida. Mas isto passará (Apocalipse 21:3 e 4).

A ansiedade de origem não espiritual, mas psicológica, pode ser muito perturbadora e pode se manifestar num nível físico, através de pressão arterial alta, taquicardia, sudorese, etc, num nível emocional, como sentimentos de apreensão, insegurança, medo exagerado, etc., bem como num nível cognitivo, com preocupação excessiva, pensamentos trágicos, obsessões, etc.

A pessoa na crise de pânico tende a interpretar reações normais do corpo como se fossem perigosas. Ela nutre pensamentos catastróficos que aumentam mais ainda a ansiedade que dispara respostas fisiológicas do corpo, etc.

As crianças, mesmo ainda bebês, podem ser educadas a desenvolver autocontrole emocional. É lhes ensinado matemática, inglês, espanhol, geografia, química, etc. Há alguma escola que ensina os alunos a obter controle emocional?

A mãe tem papel fundamental neste ensino porque, em geral, ela passa mais tempo com a criança. O pai também deve participar dessa educação emocional do filho. Dependendo do estado emocional da mãe e do pai, o bebê pode ir aprendendo a ter, ou não, autocontrole emocional. Nas pessoas com síndrome do pânico não é raro encontrar aquelas em que a função de autorregulação emocional esteja deficiente. Ou seja, ela se permitem ficar facilmente ansiosas e vulneráveis diante de reações em seu próprio corpo, por falta de aprendizado de como lidar com a emoção desconfortável.

Estudos revelaram que pessoas muito ansiosas tiveram mães ansiosas, talvez hiperativas, que em vez de acalmarem a criança, a agitavam, provocando susto em cada pequeno evento na vida da criança, como um tropeção, ou quando a criança colocou a mão no chão, ou deu espirros. Este tipo de mãe, diante disto, ficava apavorada, pensava em coisas trágicas, falava nervosamente com a criança, em vez de acalmá-la. Daí, esta criança cresceu com um nível de resposta emocional ansiosa mais alto que a média. Cresceu com baixa tolerância a sinais internos em seu corpo, interpretando-os tragicamente quase sempre.

É comum a pessoa com pânico querer alguém perto para se sentir mais segura. Ela tenta compensar a dificuldade de autorregulação e controle da ansiedade (ou os sinais fisiológicos dela) através do vínculo com alguém. Em geral, só se sente segura e sem crise quando está junto de alguém confiável com quem desenvolve conexão emocional. Algumas dizem que quando perdem esta conexão, ocorre a crise de pânico. A conexão com uma pessoa confiável parece oferecer proteção pelo vínculo, até que a pessoa aprenda a ter autorregulação e autocontrole.

A regulação pelo vínculo se desenvolve quando, por exemplo, a mãe acalma a criança assustada, pegando-a no colo, falando com serenidade, e assim ajudando a diminuir a ansiedade da criança. É comum indivíduos com pânico terem tido experiências de vínculo traumáticas, com perdas, abandono, rompimento de relações, morte, etc. Há uma relação grande entre a sensação de pânico e crises de ansiedade disparadas por experiências de separação na infância.

Pessoas com pânico precisam desenvolver confiança no seu corpo, cuidando da saúde pela alimentação saudável, exercícios físicos, etc., fazendo exames médicos de rotina, ter confiança nos vínculos, e confiança em que ela mesma pode lidar construtivamente, sem pavor, com sua ansiedade e angústia. Ela não morrerá se ficar sozinha. Ela precisa aprender que a ansiedade que experimenta não é ela, mas é algo nela. Há uma parte saudável funcionando que pode pensar, tomar decisões, escolher a conduta, etc. Aprender a lidar com a angústia pessoal é uma tarefa das mais importantes na vida. Se você não teve um pai e/ou mãe que lhe acalmava com serenidade, que lhe dava colo quando você precisava, que não manifestava palavras de valorização e apoio, agora é o momento de você fazer isto consigo, para a ansiedade diminuir e a crise de pânico, e outros sintomas de ansiedade alta, não mais perturbarem. Medicamentos não farão isto por você.

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César Vasconcelos de Souza

Cesar Vasconcellos de Souza

Saúde Mental e Você

O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

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