Setembro Amarelo - Prevenção do Suicídio - Parte 3

quinta-feira, 20 de setembro de 2018

Neurocientistas têm verificado que vários sofrimentos mentais, como a depressão, têm 40% de influência genética e 60% ligada à fatores ambientais. Assim, se uma pessoa nasceu com propensão para um transtorno mental, não será a genética o fator principal que produzirá a enfermidade em algum momento da vida, mas sim os fatores ambientais.

Também precisamos entender que os fatores do ambiente onde a criança nasce e cresce não explicam tudo para a saúde ou para a doença mental. Isto porque há crianças criadas num mesmo ambiente familiar disfuncional que desenvolve uma doença, como a depressão, ou ansiedade generalizada, ou outra, enquanto que seu irmão ou irmã, vivendo no mesmo lar, cresce sem aparentes dificuldades.

Então, parece que algumas crianças são mais resistentes do que outras no enfrentamento de conflitos na família. Algumas crianças são mais sensíveis. Por isso, os pais devem prestar atenção e oferecer cuidados diferentes para as crianças diferentes.

Ajuda a prevenir problemas mentais no futuro das crianças, inclusive a depressão que pode gerar ideias suicidas, o fato dos pais ensinarem seus filhos que na vida existem perdas e como lidar com elas. Também os pais precisam ajudar as crianças que possuem mais dificuldade de expressar sentimentos, a colocar para fora o que elas sentem.

Os filhos que facilmente falam do que sentem, os que são mais comunicativos, não precisam desta ajuda porque eles têm esta facilidade. Mas as crianças com tendência melancólica, que guardam o que sentem, precisam ser ajudadas a falar. Como se faz isto? Perguntando. Exemplo: “Filhinha, o que você sentiu quando sua coleguinha puxou a boneca da sua mão no parquinho?” Pai e mãe neste momento acolherão a criança, e a incentivarão a falar dos sentimentos, deixando a criança se expressar como ela pode. Se ela falar sobre sentir raiva, não corte isto imediatamente dizendo que não devemos ter raiva das pessoas! Deixe-a falar, botar para fora. Sentimentos indevidamente reprimidos formam uma base para problemas emocionais no futuro.

Veja atitudes que um adulto tem e que podem indicar que ele está pensando em suicídio: fala sobre morrer, que se sente um peso para os outros, reclama de sentir dor insuportável, está procurando formas de se matar, ocorre aumento do consumo de álcool e outras drogas, incluindo medicação, tem atitudes irresponsáveis como atravessar uma rua sem olhar se vem carro, dirige perigosamente, pode ter insônia ou dormir além do costumeiro, se isola, fala sobre vingança, etc.

Sinais que adolescentes apresentam que indicam a presença de ideia suicida: queda no rendimento escolar, isolamento da família e dos amigos, diminuição do interesse nas coisas que gostava, descuido quanto à aparência, aumento ou perda de peso, autodepreciação, pessimismo e desesperança quanto ao futuro, quanto à vida e quanto ao mundo, fala sobre morte e pessoas que morreram, doa coisas que valorizava.

Estudos mostram que, infelizmente, do ano 2000 para 2015 houve um aumento da taxa de suicídio em jovens sendo um aumento de 45% para jovens entre 15 a 19 anos de idade, e de 65% entre 10 e 14 anos de idade.

Se um jovem está com tais atitudes, ele precisa ser avaliado por profissional em saúde mental e ajudado pela família. A ajuda profissional deve se estender para a família como um todo, porque o problema do jovem pode ser um sintoma de dificuldades no lar. Pode também ocorrer que este jovem está sendo vítima de bullying na escola e uma atitude protetora para ele precisa ser tomada pela família e pela escola. Também é importante investigar se está havendo consumo de droga por parte do jovem e ajudá-lo nisto.

Estudos revelam que crianças que vivem em lares onde há separação definitiva dos pais, isto é pior para a saúde mental delas do que a morte do pai ou mãe. E perdas importantes antes dos 9 anos de idade têm efeito pior para o emocional delas. Por isso, vale à pena os pais lutarem para manter a família unida, resolver conflitos e amar uns aos outros.

TAGS:
César Vasconcelos de Souza

Cesar Vasconcellos de Souza

Saúde Mental e Você

O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.