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Serenidade: paz interior mesmo em meio aos conflitos
Já se falou muito sobre inteligência emocional, que, entre outras coisas, é a capacidade da pessoa administrar suas emoções de uma maneira que elas não a dominem, e é também a habilidade de considerar os sentimentos dos outros nos relacionamentos, ao invés de funcionar só no “automático” e nem perceber o que as pessoas sentem.
Se você não nasceu com inteligência emocional, pode aprender. Vai precisar prestar mais atenção em si mesmo e nos outros. Vai ter que sair do automático, sair da rotina do viver uma vida de “bater cartão” na empresa, sair desta modalidade meio máquina de funcionar na vida. Realmente há muito mais coisas no ar do que somente os aviões de carreira.
A vida é mais do que a gente pensa. Ela é muito mais do que o que conseguimos perceber com estes olhos físicos e estes pensamentos habituais. Você quer ir além? Para ir além vai ser preciso desenvolver serenidade.
Veja o que o dicionário fala sobre o conceito de serenidade: o que expressa tranqüilidade diante de situações complicadas; que se apresenta de maneira serena, sem agitações ou perturbações; mansidão, quietude, brandura, amenidade, doçura, suavidade. E sabe qual é o contrário de serenidade? Tormento, contudência, exaltação, ansiedade, agressividade, brutalidade, ferocidade, rompante, histeria, obsessão, estresse, etc.
Uma pessoa, por exemplo, que é obcecada por romance, fissurada em controlar o outro, viciada em relacionamentos, não tem ou perdeu a serenidade. Tem pessoas que quando rompem ou perdem um relacionamento ficam desesperadas e já partem imediatamente para outro, sem dar tempo de aprenderem onde acertaram e onde erraram, para evitar os mesmos comportamentos ruins de sua parte, os quais prejudicaram a amizade, namoro, noivado ou casamento.
Na verdade, o melhor momento para uma pessoa começar ou retornar a um relacionamento é quando ela aprendeu a ter serenidade, é quando atingiu um nível de maturidade que a liberta da ansiedade sobre isto. Ela para de ficar obsessiva por relacionamentos. Ela, enfim, está serena.
Sem serenidade geralmente as pessoas cometem muitos erros variados, não só em relacionamentos afetivos, mas em coisas materiais também. Você pode precipitar a compra de um objeto caro por causa da impulsividade, pela falta de serenidade. Com serenidade cometem-se os erros, imagine sem ela!
Existe uma oração chamada “Oração da Serenidade” usada em reuniões de ajuda mútua como o grupo Alcoólicos Anônimos, que diz, em parte e colocando no singular: “Deus, concedei-me a serenidade para aceitar as coisas que não posso modificar; coragem para mudar as que posso, e sabedoria para perceber a diferença (entre o que posso e o que não posso mudar).”
Na primeira parte está sendo pedido serenidade. Para que? Para ser humilde, e não arrogante e prepotente, a fim de aceitar e reconhecer sua impotência diante de algo que você não pode mudar. Aceitar a impotência, paradoxalmente, nos faz mais fortes para fazer algo sobre o assunto diante do qual somos impotentes.
E não aceitar a impotência nos empurra para desgastes, estresses, tensões dolorosas e cansativas porque mantemos uma atitude de querer ser deus, quando somos apenas criaturas fracas, limitadas, falíveis, carentes de ajuda em muitas coisas.
Então, serenidade pode ser um dom. Você não a possui. Você a pede e a recebe. E desenvolve esta capacidade de manter a paz interior mesmo diante de situações difíceis, estando em meio à conflitos. Serenidade é uma grande virtude. Não é agradável estar perto de uma pessoa serena que não perde o autocontrole, que não é contundente, briguenta, agressiva, bruta, grosseira?
Desejo serenidade para você.
Cesar Vasconcellos de Souza
Saúde Mental e Você
O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.
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