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Saúde mental, direito, justiça
Saúde mental depende de verdade, justiça, perdão, aprender a lidar equilibradamente com emoções, discernir e evitar distorções de pensamento, ter vida social útil, lazer saudável, atitudes filantrópicas, não nutrir ressentimentos, cultivar gratidão, etc.
Hoje enfocarei aqui a justiça. Juízes de direito, promotores, defensores públicos, tomam decisões sobre a vida, a liberdade, o patrimônio de outras pessoas, supostamente visando justiça. Justiça! Poucos anos atrás pensei em estudar Direito e tentar ser juiz. Obtendo informações vi que não daria por causa da idade. Por que pensei em ser um magistrado? Pelo desejo de tentar diminuir injustiças na sociedade. Coisas que me incomodam muito: calor, corrupção, morte, injustiças de todo tipo etc.
Meu colega de jornal, o jornalista Alessandro Lobianco, publicou aqui recentemente em sua coluna “A Voz do Rio” a nota “Festa da carne” (A VOZ DA SERRA, edição de 8 de dezembro de 2015), segundo a qual informava que no Carnaval 2016 dois camarotes no Sambódromo no Rio, comprados pela agência paulista “Casal First Tour”, serão usados durante os desfiles das escolas de samba como local para sexo liberado. Clientes incluem jogadores de futebol e políticos. Um político procurou pelo camarote, não o comprou, e disse: “De sacanagem a gente entende.” Seus assessores imploraram ao repórter para não divulgar o nome e o áudio dele. Lo-Bianco disse: “A coluna vai deixar passar desta vez...”
Caro Alessandro, a população precisaria saber o nome desse indivíduo para fazer justiça não votando mais nele! Você quer informações sobre o comportamento dos políticos? Há um site (sem vínculo com partido e grupo de interesse) que está avaliando a vida deles, vendo quem vai ao trabalho, quem é envolvido em corrupção, quem vota leis boas ou só as de interesse próprio, etc. É boa ferramenta de ajuda para escolher bons políticos e não mais votar nos maus. Veja: www.politicos.org.br A única saída política para o Brasil é o povo votar melhor.
Na mesma coluna e data, Alessandro também publicou a nota “Feliciano entristecido”, referindo-se ao deputado Marco Feliciano, que teve seu pedido de denúncia negado pela procuradora regional da República, Maria Helena de Paula. Feliciano denunciou o vídeo “Especial de Natal”, produzido pelo grupo humorístico “Porta dos Fundos”, como ofensivo à liberdade religiosa e dignidade dos cristãos. A procuradora disse que o vídeo não reflete um choque contra a liberdade religiosa já que o direito de expressar crenças religiosas não impede a manifestação de descrença por terceiros. Concordo. Mas a procuradora Maria Helena, manifestar descrença é diferente de deboche! Vi parte do vídeo e como cristão não me pareceu que houve violação à liberdade religiosa, mas houve sim claríssimo abuso moral, ironia, deboche, contra a dignidade de pessoas cristãs como Maria (mãe de Jesus), seu marido José, pessoas divinas como Deus e Jesus. Será que a procuradora olhou só um lado do processo e fechou os olhos para o outro? Injustiça?
Já o professor Hamilton Werneck, meu amigo e também colega de jornal, aqui mesmo na edição de 9 de dezembro de 2015 de A VOZ DA SERRA, publicou o ótimo artigo “A banalização não é educativa”, sobre o lado positivo da aproximação de professores com alunos, e disse algo fundamental para a boa educação: “Por mais que um professor se coloque junto aos alunos, ele não pode perder a autoridade.... Certas aproximações, quando banalizam e nivelam a tal ponto de não ser possível distinguir quem é o educador e quem o educando, criam na mente dos alunos a ideia de que o professor pouco tem a oferecer por ter-se transformado num igual.” Pura verdade!
Viram a reportagem de um aluno de uns 8 anos de idade virando carteiras e cadeiras, na sala de aula e os professores e seguranças inertes? É justiça e boa educação permitir alunos desrespeitadores da autoridade do educador, que destroem fisicamente a escola, agridem verbal e fisicamente professores, sem colocar limites ou contenção para eles? Claro que não! Aquele menino tinha que ser contido, sem violência claro, mas com firmeza, porque ele e qualquer outro aluno não tinha e não tem o direito de quebrar a escola e desrespeitar autoridades dela. Anarquia não é justiça. Por que os adultos daquela escola não contiveram o menino rebelde? Medo da lei? Lei justa?
Ainda na edição de A VOZ DA SERRA do último dia 14 de dezembro foi publicada a notícia: “Energia em escolas é restabelecida por ordem da justiça”. O governo do estado do Rio não pagou por meses contas de luz de escolas em Nova Friburgo. A companhia de energia elétrica após tentar negociação para quitação da dívida, sem resposta do governo, cortou a luz de algumas escolas. A juíza Maria Izabel Pena Pierante (TJ-RJ), ordenou o restabelecimento da energia em até três horas independentemente do pagamento das contas, sob pena de multa de R$ 5 mil reais por hora. As defensoras públicas Elisa Cruz e Mariana Carvalho de Andrade, respondendo ao pedido de liminar por parte da Energisa, disseram: “entre o direito à educação infanto-juvenil e o direito patrimonial da empresa de energia elétrica, deve prevalecer o primeiro...”
Será que a juíza e as defensoras fizeram justiça violando o artigo 172, da resolução normativa 414 da Agência Nacional de Energia Elétrica, que trata de inadimplência? Será que mandaram o estado pagar em até três horas as contas de energia atrasadas sob pena de multa de R$ 5 mil reais por hora? Ficou o estado impune, mesmo sendo culpado pelo débito para com a Energisa? Se sim, houve conflito de interesse nesta decisão judicial? Foi feito justiça? Não estou defendendo a Energisa, mas sim a justiça. Falta de justiça é sintoma de falta de saúde mental equilibrada?
![César Vasconcelos de Souza César Vasconcelos de Souza](https://acervo.avozdaserra.com.br/sites/default/files/styles/foto_do_perfil/public/colunistas/cesar-vasconcelos.jpg?itok=s6vlX85j)
Cesar Vasconcellos de Souza
Saúde Mental e Você
O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.
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