Colunas
Salvando o seu coração físico, emocional e espiritual – Parte 9
quinta-feira, 14 de março de 2013
Parte IX
Essa é uma série de artigos com ideias minhas e do Dr. Ornish, cardiologista professor na California University, San Francisco, EUA, autor de livros como “Salvando o seu coração”, “Amor e Sobrevivência”, sobre a importância de se verificar causas profundas da doença coronária, e outras, e não só abordar tratamento no nível físico da doença.
Veja alguns estudos que mostraram a importância do fator afetivo ou das emoções sobre doença cardíaca:
Na Universidade de Houston, o Dr. Robert Nerem verificou algo interessante quando deram apoio social a coelhos do laboratório. Coelhos geneticamente iguais receberam alimentação rica em colesterol para que se desenvolvesse aterosclerose (placas de gordura nas artérias) e, assim, os cientistas pudessem estudar esse problema de saúde. Esperava-se que todos os coelhos desenvolvessem o mesmo problema nas artérias. Mas observaram que os que estavam nas gaiolas mais altas (eram empilhadas até o teto) desenvolviam mais aterosclerose do que os que ficavam nas gaiolas mais baixas. O que descobriram é que a técnica do laboratório que era de baixa estatura, brincava com os coelhos das gaiolas mais baixas, já que não alcançava as gaiolas mais altas, e os coelhos de cima, então, ficavam isolados sem estímulo afetivo. Repetiram o estudo e confirmaram que os coelhos que recebiam colo, com os quais se conversava e brincava, tinham uma redução de mais de 60% de aterosclerose comparados com os que eram geneticamente iguais, que haviam recebido a mesma comida, mas só receberam cuidados de rotina.
Estudos revelaram que as pessoas que vivem sozinhas tem mais doença do coração do que as vivem com alguém ou com animais de estimação, ou mesmo cuidando de plantas.
Na Faculdade de Medicina da Universidade de Stanford, o Dr. David Spiegel conduziu um estudo científico no qual pacientes com câncer de mama com metástase foram divididos aleatoriamente em dois grupos. Um grupo recebeu a assistência médica convencional, e o outro, além disso, participou de um grupo de apoio semanal durante um ano. Após cinco anos, ele descobriu que as que frequentavam os grupos de apoio tiveram uma taxa de sobrevida duas vezes maior do que o outro grupo.
A revista Science publicou um artigo no qual mostrou que as pessoas isoladas socialmente, sem terem com quem compartilhar sentimentos, tem mais risco de doenças. Nesse estudo o Dr. James House disse que “o isolamento social é tão importante para os índices de mortalidade quanto o fumo, pressão alta do sangue, colesterol alto, obesidade e falta de exercícios físicos” (Salvando o seu coração, p. 95).
Quando a pessoa vive isolada socialmente, há uma falta que pode gerar angústia, depressão. Surge uma sensação de não ser ou não ter algo realmente bom na vida. E em geral, diz o Dr. Ornish, “o que vem depois disso é a crença de que: ‘Se ao menos eu tivesse mais dinheiro, se ao menos eu tivesse mais poder, se ao menos eu fizesse sexo com mais frequência ou com mais pessoas, se ao menos eu tivesse maiores realizações, então eu seria feliz e tudo ficaria legal e eu me sentiria bem e as pessoas me amariam e eu me sentiria ligado a elas e seria feliz’. Ou: “Se ao menos eu fosse mais esperto, ou mais magro, ou mais gordo, ou mais bonito, ou mais musculoso, então eu seria feliz e tudo estaria legal e eu me sentiria bem, e as pessoas me amariam e eu me sentiria ligados a elas’.” (p. 96).
Mas, infelizmente, “aquilo” não conduz à felicidade que dure muito. “Para muitas pessoas, o dinheiro é a única maneira de se manter em evidência. Para outros, a moeda da autoestima é o cargo no trabalho, a classificação acadêmica ou a estatística atlética. O palco pode ser diferente para cada um de nós, mas a representação é a mesma.” (p.97).
A conclusão que Dr. Ornish chegou é que o isolamento pode conduzir à doença, ao passo que a intimidade afetiva pode levar à cura. E esse isolamento pode ser a pessoa estar isolada dela mesma, da paz interna. Pode ser isolamento dos outros e também isolamento de um Ser Superior. (p.104). E intimidade afetiva não é sexualidade. Muita gente tem muito sexo, mas não tem nenhuma intimidade afetiva nem consigo mesmo e nem com as outras pessoas. Então, é importante para a saúde física, emocional e espiritual aprender a abrir o coração afetivo. Vamos ver isso em seguida.
Cesar Vasconcellos de Souza
Saúde Mental e Você
O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.
A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.
Deixe o seu comentário