Salvando o seu coração físico, emocional e espiritual – Parte 8

quinta-feira, 07 de março de 2013

Parte VIII
Essa é uma série de artigos com ideias minhas e do Dr. Ornish, cardiologista professor na California University, San Francisco, EUA, autor de livros como “Salvando o seu coração”, “Amor e Sobrevivência”, sobre a importância de se verificar causas profundas da doença coronária, e outras, e não só abordar tratamento no nível físico da doença. 
Anos atrás os Drs. M. Friedman e R. Rosenman descreveram o “Personalidade Tipo A” acreditando ser um dos fatores de risco para a doença cardíaca além de vida sedentária, colesterol alto, dieta rica em gordura de origem animal, etc. Uma pessoa com Personalidade Tipo A é alguém hostil, preocupado demais consigo mesmo, impaciente, sempre apressado, com imensa necessidade de reconhecimento e progresso, se envolve em duas ou mais tarefas ao mesmo tempo, obsessivo com suas metas.
Outro fator que favorece doença do coração é a sensação de isolamento. Dr. Ornish diz: “Qualquer coisa que promova uma sensação de isolamento leva ao estresse crônico e, na maioria das vezes, a enfermidades como a doença do coração. Por outro lado, qualquer coisa que leve a uma real intimidade e a sensações de contato pode ser curativa no verdadeiro sentido da palavra... A capacidade de sentir-me íntimo há muito tempo tem sido considerada como a chave para a saúde mental; creio que é também essencial para a saúde de nossos corações.” (Salvando o seu coração, p. 91.)
Você pode conseguir intimidade num sentido horizontal e num sentido vertical. Vertical tem que ver com a fé num Ser Superior, e está ligada à espiritualidade, pode ser desenvolvida pela oração, meditação, por exemplo. No sentido horizontal, depende de relacionamentos com outras pessoas e com você mesmo. É importante ressaltar que intimidade aqui não tem que ver com sexualidade. Muitos praticam sexo com frequência e não desenvolvem intimidade afetiva com outros. E outras pessoas podem ser abstêmias de sexo e conseguir construir relacionamentos afetivos com intimidade.
Então, a saúde do coração físico depende também de melhorar sua afetividade consigo mesmo e com as pessoas. Ornish explica que não é só uma questão de aprender a lidar com o estresse, defender-se dele ou lutar contra ele, mas tem a ver muito com “transcender nossa sensação de isolamento de modo que a cura real possa ter seu início; ou seja, de modo que os nossos corações—o espiritual e o psicológico— possam começar a se abrir, e não somente as nossas artérias.” (Idem, p. 91.)
Abrir o coração emocional e espiritual significa que você aprenderá uma nova forma de crescimento, saindo do script de ter que ter coisas, para procurar ser. Nesse aprendizado que a vida pode lhe proporcionar, se você estiver aberto para a luz e a verdade, irá ver que é preciso mudar alguns padrões de funcionamento de seus pensamentos, que geram sentimentos e produzem escolhas não saudáveis. Mudar o estilo de vida também no sentido de pensar diferente e melhor, para sentir melhor e tomar decisões mais sábias.
Ornish comenta que a ciência tem verificado que “o isolamento e a supressão de sentimentos muitas vezes levam à doença, ao passo que a intimidade e o apoio social podem ser curativos.” (idem, p.92).
Vários estudos comprovaram isso, como um feito com 6.928 homens e mulheres morando nos arredores da cidade de São Francisco, na Califórnia, e com 13.301 homens e mulheres de North Karelia, leste da Finlândia. Estas pessoas foram estudados durante 5 a 9 anos, e a conclusão que os cientistas chegaram é que as que estavam socialmente isolados tinham um risco 2 a 3 vezes maior de mortalidade, tanto por doença do coração quanto por outras causas de morte, quando comparadas com as que se sentiam mais ligadas aos outros. Estes resultados foram independentes de outros fatores de risco cardíaco. O simples fato de serem sócias de um clube, membros de uma igreja, diminuía muito o risco de morte prematura, dando proteção contra a doença cardíaca, mesmo se tivessem pressão alta. 
No próximo artigo veremos outras experiências científicas e como elas mostraram a importância dessa conexão mente-corpo-espiritualidade para a saúde do coração e, claro, de todo o ser. 

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César Vasconcelos de Souza

Cesar Vasconcellos de Souza

Saúde Mental e Você

O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

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