Salvando o seu coração físico, emocional e espiritual – Parte 7

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Parte 7
Seguimos com a série de artigos com ideias pessoais e do Dr. Ornish, cardiologista professor na California University, San Francisco, autor dos livros “Salvando o seu coração”, “Amor e Sobrevivência”, sobre a importância de se verificar causas profundas da doença coronária, e outras, e não só abordar tratamento no nível físico da doença. 
Como será que o estresse emocional afeta o coração? Estresse tem a ver como seu organismo reage aos fatores da vida. O problema do estresse é quando ele é demasiado, seja por excesso de trabalho, poluição do ar, conflitos familiares, estresse oxidativo (radicais livres), desemprego, doença crônica, etc.
Frente ao perigo emocional percebido, ou perigo físico (exaustão, mudança drástica de temperatura, violência, etc), há ativação de defesas para garantir a sobrevivência. Por exemplo, se você caminha pela rua e um cachorro vem em sua direção e late, seu cérebro detecta o perigo e automaticamente produz hormônios para preparar seu corpo para lutar ou fugir. Assim, seu coração baterá mais rapidamente para mandar mais sangue para os músculos, sua respiração ficará mais frequente para oxigenar melhor as células, a digestão é interrompida para que o sangue possa ir para os músculos gerando força, as pupilas dilatam-se para melhor visão, o sangue coagula mais rápido para que se houver lesão com perda de sangue, não ocorra choque, as artérias nos braços e pernas começam a contrair-se para ter menos perda de sangue se ocorrer ferimento, etc. 
Há o estresse agudo e o crônico. No agudo podemos usar o exemplo do cachorro que vem lhe atacar, quando, entre outras coisas, a descarga de adrenalina produz o aumento dos batimentos cardíacos, para preparar o corpo para lutar ou fugir. Mas depois da emergência, vem o relaxamento. O corpo relaxa, a artéria relaxa. Isso não ocorre quando a pessoa vive em estresse contínuo, crônico. No mundo atual a tendência é ter estresse crônico devido ao ritmo agitado da vida, tipo de personalidade A, etc. E nesse tipo de estresse também as artérias do coração podem ser contraídas demais e é mais provável haver a formação de coágulos dentro delas. (“Salvando o seu coração”, p.80.)
Estudos científicos verificaram que no revestimento das artérias normais (sem lesão) do coração há a produção de uma substância, FRDE (Fator de Relaxamento Derivado do Endotélio), que dilata as artérias permitindo passar mais sangue. Quando a pessoa tem numa das artérias do seu coração a aterosclerose, ocorre menor produção do FRDE, assim a artéria se contrai e diminui o fluxo de sangue ali. Estas artérias com aterosclerose (endurecimento) respondem mais fortemente aos hormônios do estresse, fechando mais a passagem de sangue.
Dr. Kaplan, Dr. Clarkson e colaboradores estudaram algo interessante. Dividiram dois grupos de 30 macacos cynomolgus, colocando metade num ambiente muito estressante socialmente instável, e a outra metade num ambiente não estressante e socialmente estável. Todos receberam a mesma dieta comum norte-americana, rica em gordura e colesterol. Após 22 meses, os macacos dominadores, muito agressivos e competitivos, do grupo altamente estressado e socialmente instável, tinham desenvolvido bloqueios nas artérias coronárias duas vezes mais graves do que os macacos dominadores do grupo não estressado. E estes dominadores tinham duas vezes mais bloqueios coronários do que os macacos subordinados que não lutavam para alcançar ou manter o status social. 
Repetiram a experiência só que agora com uma dieta recomendada pela Associação Americana do Coração (com menos gordura). Os macacos tiveram menos entupimentos nas artérias, mas os dominadores, cronicamente estressados, tiveram mais importantes bloqueios do que os outros. 
Conclusão: as influências emocionais e sociais sobre a aterosclerose das artérias coronárias não dependeram só da dieta gordurosa e rica em colesterol, o estresse foi a causa principal da formação dos entupimentos nos macacos mesmo recebendo dieta com menos gordura. Dr. Kaplan verificou que o estresse faz com que as artérias coronárias absorvam mais colesterol e diminui o “bom” colesterol (HDL) (p. 82-84). 

TAGS:
César Vasconcelos de Souza

Cesar Vasconcellos de Souza

Saúde Mental e Você

O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.