Salvando o seu coração físico, emocional e espiritual – Parte 2

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Compartilho com você, nessa série, ideias pessoais e do Dr. Dean Ornish, cardiologista professor na Universidade da Califórnia em São Francisco, autor dos livros “Salvando o seu coração”, “Amor e Sobrevivência”, sobre a importância da dieta vegetariana para prevenção e tratamento em geral, e em especial da doença coronariana, da abertura “coração” emocional, meditação e oração, grupos de apoio psicológico e prática de exercícios físicos. 
Em um de seus primeiros estudos com pacientes (1980/81), o Dr. Ornish e equipe verificaram que melhoras acentuadas ocorreram com pacientes cardíacos ao praticarem um programa de hábitos saudáveis. Em cerca de 91% deles houve redução da intensidade da dor no peito (angina), 55% melhora da capacidade física, redução de 21% nos níveis de colesterol e importantes reduções da pressão arterial. Mas estes estudos iniciais não forneceram evidências definitivas de que a doença do coração poderia ser revertida. Dr. Ornish continuou as pesquisas nos anos seguintes.
Ele pedira verbas para a American Heart Association, entre outras, e os avaliadores diziam: “É impossível reverter a doença do coração... Você tem que usar remédios que diminuam o colesterol para obter a reversão”. Dr. Ornish escreveu: “Algumas críticas à nossa abordagem indicavam como a cardiologia era poderosa, e no entanto míope, em seu enfoque do tratamento da doença cardíaca...” (“Salvando o seu coração”, p. 28).
Ele fez novo estudo com doentes cardíacos graves, aleatoriamente divididos em dois grupos. Um seguia o programa de vida saudável (dieta vegetariana, exercícios físicos, grupo de apoio emocional, meditação, oração, etc), e outro seguia as prescrições de seus médicos (reduzir consumo de carne vermelha, mais peixe e frango, margarina e não manteiga, exercícios moderados, não mais do que 3 ovos por semana, deixar de fumar). Os pacientes foram testados no início dos estudos e um ano após, foram comparados. Após um ano 82% dos pacientes do grupo que mudou os hábitos de vida tiveram uma média mensurável de reversão dos bloqueios nas artérias coronárias. O bloqueio (em algumas artérias) reverteu de 61,1% à 55,8%. (Comprovado pela varredura com PET—Tomografia por Emissão de Pósitrons—cardíaco.) As reversões foram melhores nas mulheres, parecendo indicar que mulheres podem ter mais fácil reversão (p. 29, 30).
O grupo que seguiu as recomendações convencionais dos seus médicos piorou mensuravelmente no mesmo período, parecendo indicar que as recomendações para mudar hábitos na vida precisam de mais coisas. Entre outras, a revista mais respeitada no mundo médico, The Lancet, publicou esse estudo do Dr. Ornish no verão de 1990.
É importante entender, se você é uma pessoa com doença cardíaca, que sempre é um bom momento para mudar seus hábitos nocivos de vida. Parar de fumar, praticar exercícios físicos de preferência ao ar livre, adotar dieta vegetariana, aprender a lidar com suas emoções, praticar meditação e oração, participar de um grupo de apoio emocional e redução de estresse, tudo isso é o que funciona, embora não se possa dizer qual desses fatores é o mais importante para qual paciente. Uma pessoa impulsiva e explosiva que enfarta pode ser muito ajudada a evitar novo enfarte, não só mudando os hábitos físicos (dieta, etc.), mas aprendendo a controlar suas emoções. Já alguém guloso e que come alimentos com muita gordura e colesterol (que é só de origem animal), o mais importante para ela, para prevenir a complicação da doença cardíaca, pode ser a mudança da dieta, especialmente se é uma pessoa que não tem estresse, não fuma, pratica exercícios físicos e tem bom suporte emocional. 
Assim, diz o Dr. Ornish: “Embora o colesterol seja muito importante [para a doença cardíaca], ele não encerra toda a história. Nem tampouco a pressão alta, ou o fumo, ou a falta de exercícios físicos. Todos os fatores de risco conhecidos explicam somente cerca de metade das cardiopatias que observamos” (p.31). E sobre o uso de remédios para diminuir o colesterol, ele comenta: “É possível que algumas pessoas com níveis elevados de colesterol no sangue por causas genéticas possam beneficiar-se da combinação do programa Abrindo o seu coração com remédios que reduzem o colesterol no sangue, mas os remédios isoladamente não são a solução mais adequada e podem mesmo ser desnecessários.” (p.33). E acrescenta: “...A ingestão desses remédios tem o seu valor e é melhor tomá-los do que não fazer nada”. Continuamos no próximo artigo. 

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César Vasconcelos de Souza

Cesar Vasconcellos de Souza

Saúde Mental e Você

O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

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