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Revidar ou viver o Natal. A escolha é sua
quinta-feira, 20 de dezembro de 2012
Um garoto de 10 anos de idade, vítima de violência na escola por parte de seus colegas, ao ser perguntado sobre por que fizeram maldades com ele, respondeu: “Eles fizeram isso comigo porque eu não revido.” Você revida quando alguém faz algo ruim com você? Responde com agressão também? Acha que se não responder com agressão, será bobo? Uma pessoa assim, que não revida, é boba, ou é alguém que não se encaixa numa sociedade agressiva, cínica, corrupta?
O argumento do menino agredido por colegas não foi que ele era chato, perturbava os colegas, não era amigo, que ele mesmo era violento. O argumento foi: “Eu não revido.” Ele não entende por que colegas ficam agressivos de graça. Você entende? Você é este tipo de pessoa agressiva? Se é, está reagindo a quê? Tem medo de algo? Sente que tem que provar que é macho, ou garota poderosa? Se sente inseguro(a) a ponto de querer provar pela violência que é alguém? Quem lhe ensinou ser este é um bom caminho para a autoafirmação? Seus pais são pessoas violentas? Aprendeu com um deles (ou com ambos) a revidar, com aquele pensamento idiota: “Meu filho não leva desaforo para casa!”?
O lado perverso da mídia incita violência social. No futebol ela anuncia que um time “massacrou”, “humilhou” o outro. Há tribos indígenas que jogam futebol sem se interessar quem ganhou ou perdeu. Não existe o time A ganhou de 3 a 1 do time B. Se divertem amigavelmente e ao fim da partida, não há humilhação sobre o perdedor. A “mídia” destes índios não estampa na primeira página do jornal: “Pataxó massacrou o Ianomâmi por 3 a 1!” Não há brigas, tiroteios, provocações entre os torcedores índios. Eles são civilizados.
O neurologista James Putnam, da Universidade de Harvard, desabafou: “Quando me interrogo por que sempre me empenhei por ser honesto e compreensivo para com os outros, e se possível sempre bondoso, e por que não desisti mesmo quando percebi que com isso a gente se prejudica, a gente passa a ser bigorna porque os outros são cruéis e não merecem confiança, na verdade não sei a resposta”. Citado por Hans Küng em “Freud e a questão da religião”, p.100, Verus Editora, 2005.
Como Jesus Cristo lidou com agressivos e violentos de Sua época? Saía no tapa? Sacava uma pistola automática de Sua manta, apontando-a para o agressor? Discutia nervosamente? Socava e chutava a pessoa dizendo palavrões? Na Bíblia, em João 8 verso 59, fanáticos da igreja pegaram pedras para atirarem nEle, e o que Ele fez? Eles queriam matá-Lo com pedras! Se tivessem um fuzil AR-15 teriam fuzilado Cristo. O que Jesus fez? Contratou capangas para dar um sumiço neles? Não. Ele Se retirou. Saiu entre eles e foi embora. Foi covardia dEle? Foi fraco ao não revidar? Não. Ele sabia que não adianta discutir com pessoas irrazoáveis movidas por demônios da inveja e da prepotência corrupta.
Quando o apóstolo Pedro, impulsivo e agressivo antes da sua conversão espiritual, desembainhou sua espada atacando o servo do orgulhoso sumo-sacerdote, decepando sua orelha direita (o alvo era a cabeça), Jesus não disse: “Pedro, legal que você revidou, pena que errou o alvo!” Mas Cristo disse: “Põe a tua espada na bainha; não beberei Eu o cálice que o Pai Me deu?”.
Você está disposto a beber o cálice difícil para promover paz e honestidade num mundo violento e corrupto? Ou vai ficar revidando, sem interromper o ciclo violento imbecil? Talvez Jesus possa ter pensado na cruz: “Eles fizeram isso comigo porque Eu não revido”. Natal é mansidão. Comemora-se o nascimento dAquele que Isaías (9:6) descreveu bela e apropriadamente assim: “Porque um Menino nos nasceu, um Filho se nos deu; e o principado está sobre os Seus ombros; e o Seu nome sera: Maravilhoso, Conselheiro, Deus forte, Pai da eternidade, Príncipe da paz”. A verdadeira grandeza está na mansidão. E foi essa mansidão de Jesus que venceu e vence o mundo, o diabo e a corja corrupta. Bom Natal nesse Jesus!
Cesar Vasconcellos de Souza
Saúde Mental e Você
O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.
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