Que tipo de educação em saúde mental a população mais necessita?

quinta-feira, 26 de abril de 2018

A OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda que governos criem programas de prevenção sobre depressão porque onde eles existem são eficazes para reduzir esta enfermidade. Para cada um dólar investido em programas de orientação sobre depressão e transtornos de ansiedade, quatro dólares retornam em melhor saúde e habilidade para trabalhar. (http://www.who.int/en/news-room/detail/30-03-2017--depression-let-s-talk-says-who-as-depression-tops-list-of-causes-of-ill-health).

É importante que em escolas públicas e privadas, em instituições de saúde governamentais ou não, sejam apresentados programas educativos sobre saúde mental em geral, através de folhetos instrutivos, palestras, seminários, campanhas públicas de educação em saúde. Em escolas públicas e privadas os programas de educação em saúde podem ser eficazes na prevenção da depressão ao oferecerem aos alunos informações que os ajudam a desenvolver formas positivas de pensar e encarar as dificuldades da vida. Por que não fazem isto ao invés de discutir sobre identidade de gênero de uma maneira que perturba e confunde a cabeça das crianças?

Segundo a Organização Panamericana da Saúde, nas três Américas cerca de 50 milhões de pessoas viviam com depressão em 2015, ou seja, cerca de 5% da população da América do Norte, Central e do Sul. (http://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=5385:com-depressao-no-topo-da-lista-de-causas-de-problemas-de-saude-oms-lanca-a-campanha-vamos-conversar&Itemid=839)

Em fevereiro de 2017, a OMS publicou uma pesquisa sobre as duas doenças psiquiátricas mais comuns que afetam a população mundial: a depressão e os transtornos de ansiedade (crise de pânico, fobias, transtorno obsessivo-compulsivo, ansiedade generalizada etc). De acordo com esta pesquisa, o Brasil está em primeiro lugar na prevalência das desordens da ansiedade e em quinto lugar quanto à existência da depressão. A depressão afeta 4,4% da população mundial e 5,8% dos brasileiros. O Brasil é o país com maior prevalência de transtornos de ansiedade no mundo, com 9,3%, dados de 2015 da OMS.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população do Brasil em 2017 era cerca de 208 milhões de habitantes. Assim, teríamos hoje em nosso país algo em torno de 10, 64 milhões de pessoas com depressão. Segundo informações contidas numa tese de doutorado apresentada no Departamento de Psiquiatria da Universidade de São Paulo (USP), em 2004, de 0,15 a 0,17 em cada 100 mil pessoas acima dos 15 anos de idade apresentam transexualismo. (Transtorno de Identidade Sexual: um estudo psicopatológico de transexualismo masculino e feminino. Alexandre Saadeh, USP – 2004 www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5142/tde-09082005.../Tesealexandre.pdf)

Juntando estes dados e comparando as estatísticas de depressão e de transexualismo na população, teríamos no Brasil em 2017 cerca de 5.800 pessoas com depressão para cada 100 mil habitantes, e cerca de 9.300 pessoas com transtornos de ansiedade também para cada 100 mil habitantes. Em 2004 havia cerca de 0,16 (média entre 0,15 e 0,17) da população com transexualismo, não chega a nem uma pessoa em 100 mil.

Com estes dados de fontes seguras e científicas em mãos, eu pergunto: Que tipo de informações o governo, outras instituições sociais e a mídia tem apresentado ultimamente: são sobre programas de combate à depressão e transtornos de ansiedade ou sobre problemas de sexualidade como identidade de gênero, homofobia etc? O que você mais vê na televisão: orientação sobre saúde mental ou assuntos sobre problemas sexuais e homofobia?

Se de cada 100 mil brasileiros 5.800 sofrem de depressão, se de cada 100 mil brasileiros 9.300 sofrem de transtorno de ansiedade, se uma pessoa se suicida no mundo a cada 40 segundos, o que é mais importante para a educação em saúde para a população em geral: falar destas coisas e oferecer orientação quanto à prevenção e tratamento destes sofrimentos mentais, ou ficar discutindo sobre homofobia, identidade de gênero e perturbando a cabecinha das crianças inocentes especialmente em escolas do governo?

Você consegue entender que o que está no ar neste assunto se trata de uma guerra ideológica e não necessidades reais de saúde pública neste contexto?

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César Vasconcelos de Souza

Cesar Vasconcellos de Souza

Saúde Mental e Você

O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

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