Puxa! Tenho mesmo que pensar?

quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

Para mudar tem que pensar. Você quer pensar? Ou quer repetir o que assiste nas redes sociais, na televisão? Ou prefere ficar na zona de conforto tendo um comportamento disfuncional?

Comportamento disfuncional pode ser irritação fácil, falar alto sem respeitar as pessoas, querer dominar, fazer tudo para ser notada, adorar discussão, viver reclamando de tudo e de todos, se deixar ser dominado por outra pessoa, etc.

Parece que a grande maioria das pessoas vive no automático. O que é viver no automático? Já dirigiu um carro com câmbio automático? Qual a diferença entre um carro com câmbio automático e um com câmbio manual? Com câmbio automático basta você colocar a alavanca no D (drive = dirigir) e pronto, segue em frente sem se preocupar com a troca de marchas e basta usar o acelerador e freio. Já com o câmbio manual, você precisa trocar as marchas com frequência especialmente se estiver dirigindo na cidade.

Vivendo no automático, as pessoas se assustam quando algum problema emocional ocorre na vida delas porque viver no automático é não pensar, é agir mais por impulso, pelo desejo, ou na castração de desejos, é viver no habitual sem questionar se isto é o melhor. Viver no automático não é mau em si, mas pode ser perigoso porque as emoções nos enganam muitas vezes. 

No pensamento ou cultura pós-moderna, o que vale é o que você sente. Mas nossas emoções flutuam muito, especialmente nas pessoas muito emocionais que são as que não gostam muito de pensar, pensar da causa para o efeito, pensar na própria conduta. Muita gente primeiro faz, depois pensa. Claro, pensar muito cansa. Mas não pensar e só viver no automático dos sentimentos pode criar complicações evitáveis.

Saúde mental depende do equilíbrio entre viver a razão e a emoção. O desafio é ter as emoções sem deixar que as emoções tenham você. Acho que podemos dividir as pessoas, quanto à saúde mental, em um grupo que funciona muito no racional, mais frias, calculistas, sem (ou com pouca) misericórdia para com o sofrimento alheio, e outro grupo de pessoas emocionais, cheias de paixão exagerada, vivem com as “antenas emocionais” ligadas ao máximo, se espantam quando alguém as confronta tentando mostrar que elas estão deixando as emoções tomar conta da mente delas, e se achando “amorosas” por confundirem amor com emoção. Caramba! O que é o normal, então?

Então, eu tenho mesmo que pensar? Se você é uma pessoa muito impulsiva, muito ansiosa, muito impaciente, talvez precisa mesmo parar e pensar na sua conduta, ao invés de ficar esperando que os outros têm que “engolir” seu jeito um tanto descontrolado de ser. Você tem a escolha de mudar seu comportamento para melhor. Você tem a escolha.

O mundo está ficando mais violento porque as pessoas estão deixando que emoções tomem conta delas, assim, constroem uma sociedade numa base emocional, ou seja, “se me sinto bem, então é válido”. Parece que querem se sentir bem, independentemente da verdade sobre um comportamento saudável, ético, equilibrado, sereno. Como alguém escreveu, as pessoas estão muito sensíveis e qualquer coisa as ofende, inclusive a verdade. Você quer a verdade ou se sentir bem? Pense.

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César Vasconcelos de Souza

Cesar Vasconcellos de Souza

Saúde Mental e Você

O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

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