Psicoeducação: como aprender a lidar com sua mente

Há um problema na vida, na natureza, no corpo e na mente humana. Morremos, a folha cai da árvore, o fruto apodrece, o corpo envelhece perdendo forças, a mente cansa, e há a angústia e tristeza.

A angústia atinge toda a raça humana. Um bebê já nasce com ela. Angústia é um mal estar genérico, uma sensação desagradável de vazio, de faltar algo que não se sabe o que é, parece um buraco no peito, às vezes uma opressão, bolo na garganta, com ou sem tristeza.

Às vezes, talvez a maioria delas, a angústia vem disfarçada ou empurra para sintomas físicos, ou mesmo para sintomas mentais como crise de pânico, bulimia, automutilação, transtorno obsessivo-compulsivo, dependência química, etc.

Lidar com a angústia não é fácil. Todos queremos prazer, bem estar e isto é um desejo normal. Mas será possível não ter angústia nessa existência? Há algum medicamento que elimina de vez a angústia inerente ao existir? Qualquer droga, lícita ou ilícita, só promete resolução da angústia, mas não a cumpre, a não ser temporariamente e muitas vezes, dependendo da droga, de forma muito fugaz. A dor volta.

A mente humana funciona com pensamentos, sentimentos e escolhas, sempre ligada com o corpo, com manifestações fisiológicas. O corpo é o maior amigo da mente, e a mente é a maior amiga do corpo. Quando um está sofrendo o outro entra em ação para tentar aliviar a dor. Nada é só no corpo ou só na mente. Não adoecemos por compartimento. Mesmo quando você quebra um osso devido a um tombo, sua mente é afetada. Surge ansiedade porque vem dúvida sobre se haverá sequelas, se ficará com defeito naquele membro, se perderá a função perfeita que tinha antes, etc.

Os pensamentos precisam ajudar os sentimentos para que as escolhas sejam saudáveis. Tomar decisões ou fazer escolhas somente baseado nos sentimentos é perigoso. Mas também nunca considerar os sentimentos pode ser rigidez.

Imagine um automóvel com as quatro rodas. As rodas da frente são as mais importantes porque levam ao destino desejado. As rodas de trás seguem as da frente. As da frente são o pensamento (cognição) e a escolha (volição). As detrás são os sentimentos e a fisiologia (como seu corpo reage em função do que você pensa, sente e faz).

Lidando com a angústia e com a depressão é importante considerar as rodas da frente: pensamento e escolha. Pessoas que deixam seus pensamentos se concentrarem em tragédias, pessimismo, sofrimento pessoal, podem desenvolver transtornos mentais variados. Estudos sobre depressão revelam que pensamentos distorcidos e de desesperança pioram e contribuem para a depressão.

As rodas de trás são importantes num automóvel. Sem elas, as da frente não conseguem dar conta do trajeto onde você quer ir. Sentimentos são importantes para o funcionamento cerebral e de outros órgãos. A maioria das pessoas tende a ficar ou num extremo de serem dominadas pelos sentimentos (a roda da frente do pensamento vem para trás e a de trás, a do sentimento, vem para a frente), ou reprimir demais as emoções (tira uma roda traseira).

Talvez a minoria administra bem este binômio pensamento-sentimento. Isto depende de um aprendizado. Podemos chamar de “psicoeducação”. Nela a pessoa precisa aprender a pensar, a corrigir pensamentos distorcidos, a focar sua atenção no que funciona em sua vida ao invés de no que não funciona. Precisa cultivar esperança, lutar para ser mais otimista, ter e expressar gratidão, vencer o autoritarismo e cultivar a mansidão, parar de ficar reclamando das pessoas, da vida, de tudo.

‘Quando você deixa o pensamento ir para a roda de trás e permite que a roda traseira da emoção venha para a frente, as escolhas, a conduta, suas relações familiares e sociais podem se tornar problemáticas. Pode machucar a si mesmo e as pessoas. Não porque sentimentos são um erro. Mas porque o bom senso, a serenidade, o equilíbrio mental não é produzido pelo sentimento. Isto não é função dele. É a cognição, o pensamento, uma das rodas da frente, que está habilitada para fazer isto. Ou pode aprender.

Chamamos a função cognitiva ou o pensar de função executiva do cérebro. Tomar remédio para angústia e depressão e não aprender a pensar melhor, é como querer que a roda de trás guie o carro da sua mente. Faça algo para aprender a lidar melhor com suas emoções, com sua angústia e/ou tristeza. Pode ajudar uma psicoterapia, leitura, seminário, palestra, aconselhamento, retiro espiritual, grupo de apoio, leitura bíblica, a vida.