Pressão arterial alta, estresse e pensamentos ruminantes negativos

Tem você tendência de ficar ruminando em sua consciência coisas ruins, pessimistas, derrotistas do seu passado ou sobre o futuro? Será isso ruim para sua saúde? Um estudo científico publicado este mês na revista da Sociedade Americana de Psicossomática mostra que viver ruminando ou pensando com frequência sobre coisas desagradáveis sobre o passado ou sobre o futuro parece ser danoso para a saúde porque pode conduzir ao estresse. E, por sua vez, o estresse pode contribuir para o aumento da pressão arterial, por exemplo. Isto pode afetar nossa saúde porque pressão arterial alta aumenta o risco de ataques do coração e derrames cerebrais.

O artigo explica que nossas reações imediatas aos eventos estressores não são tudo o que importa para a saúde. O que pode ser maléfico é quanto tempo ficamos pensando no problema. Ficar concentrado e pensando o tempo todo nos problemas diários também afeta nosso nível de estresse.

O líder do estudo, Jeffrey Birk, Ph.D., instrutor em Ciências Médicas do Centro Médico Irving, na Universidade de Colúmbia, nos Estados Unidos, diz que: “Mais tempo ruminando está associado à mais estresse e, por isso, à maior pressão sanguínea.” Este estudo envolveu 373 participantes saudáveis, sendo a maioria com idade mediana, que usaram medidores de pressão arterial portátil durante 24 horas. As medidas da pressão arterial eram tomadas automaticamente à cada meia hora.

Após a leitura das medidas da pressão no fim do dia, perguntaram aos participantes se eles tiveram algum tipo de pensamento durante dez minutos antes de medir a pressão arterial que os fizeram enraivecidos, chateados, tristes, preocupados, ansiosos ou nenhum destes. Se tiveram tais pensamentos, foi perguntado a eles sobre a duração dos mesmos. Eles precisaram marcar uma escala que variava desde “muito rapidamente” até “mais do que oito minutos”.

Também precisavam responder sobre o quanto opressos ou sobrecarregados haviam se sentido nos momentos antes da leitura da pressão arterial, escolhendo uma resposta numa escala que variava desde “nada”, até “muitíssimo”. Os resultados mostraram que quanto mais as pessoas gastaram o tempo ruminando, mais estressados ficaram e mais alta foi a pressão arterial.  

A ligação entre o fato de ruminar mais tempo em coisas negativas e pressão arterial mais alta, poderia contar, pelo menos em parte, como causa do aumento do estresse. Neste estudo os cientistas consideraram as condições que poderiam interferir na pressão arterial, como a postura, o nível de atividade física, se a pessoa permaneceu em casa ou no trabalho, se haviam ingerido algum alimento, bebidas alcoólicas ou fumado.

É possível que as pessoas que frequentemente vivem preocupadas ou queixosas que desenvolvem doença cardiovascular, possam estar num ciclo perigoso para a saúde. O pesquisador dr. Birk afirma que se as pessoas com doença cardíaca frequentemente experimentam estresse psicológico por causa de seu estado de saúde. Este estresse as conduzem a gastar mais tempo se preocupando, e isto contribui para aumentar a pressão arterial e daí tudo piora para a saúde.

O que fazer, então, para interromper uma avalanche de pensamentos de tristeza, raiva e ansiedade? Dr. Birk explica que a pessoa pode simplesmente distrair a si mesma, o que faz parar as ruminações negativas em seus pensamentos. Ele recomenda a interação com outras pessoas, desenvolver algum hobby ou entretenimento, ler um bom livro, ou seja, qualquer coisa que distraia, agirá positivamente e funcionará pelo menos à curto espaço de tempo.

Para conseguir resultados mais a longo prazo, ele recomenda a TCC, Terapia Cognitivo-Comportamental, que auxilia a desafiar os modelos de pensamentos negativos, incluindo a tendência de ver os problemas como catástrofes.

Fonte: Duration of Perseverative Thinking as Related to Perceived Stressand Blood Pressure - An Ambulatory Monitoring Study -
Psychosomatic Medicine: September 2019 - Volume 81 - Issue 7 - p 603–611
https://journals.lww.com/psychosomaticmedicine/Abstract/2019/09000/Duration_of_Perseverative_Thinking_as_Related_to.6.aspx