Por que uma pessoa tem pensamentos obsessivos perturbadores?

Cerca de 2 a 3% da população sofre do que chamamos de Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC). Isto significa que, por exemplo, numa cidade com 100 mil habitantes é possível encontrar de duas a três mil pessoas apresentando tais problemas emocionais. Pensamentos obsessivos são geralmente seguidos de atos compulsivos. Exemplo, a pessoa atormentada por pensamentos obsessivos de que seus utensílios domésticos (prato, garfo, faca, etc.) estão contaminados por bactérias, é impulsionado para lavá-los freqüente e exageradamente, e mesmo que sua razão lhe diga que estão bem lavados.

É muito difícil para o portador de TOC deixar de pensar na contaminação e deixar de lavá-los. Isto é o que caracteriza o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC). A pessoa tem um pensamento absurdo, irracional, muito perturbador que o empurra a fazer algo que, ainda que não faça sentido, ela não resiste. Fazer (ato compulsivo) serve como alívio do pensamento obsessivo.

Sofrimento emocional produz ansiedade, tristeza, medo, etc. Ansiedade é um desconforto interior, uma angústia, uma aflição, inquietude, uma sensação de vazio interior. Quando a ansiedade numa pessoa se torna muito forte e num nível muito alto, ou o corpo puxa para ele parte desta ansiedade para aliviar a mente, surgindo sintomas físicos (psicossomáticos), ou a mente produz alterações como resultado deste excesso de ansiedade, surgindo sintomas mentais.

Uma das alterações produzidas pela mente por causa da ansiedade alta são os pensamentos obsessivos, mórbidos, que podem se relacionar com qualquer coisa, Deus, literatura religiosa, pai, mãe, “santo”, amigo, filho, etc.  A pessoa pode ter pensamentos agressivos, eróticos, violentos, irônicos, contra estas pessoas e/ou coisas e eles são uma forma de extravasamento da ansiedade exagerada e também uma forma de lidar com ela.

Para aliviar isto creio ser necessário compreender que existe ansiedade excessiva, e descobrir com o que ela está relacionada, uma vez que a ansiedade excessiva é sinal de conflitos interiores junto com uma possível tendência genética numa pessoa sensível. Que conflitos podem estar na mente da pessoa que geram muita ansiedade e para o alívio desta, surgem os sintomas, dentre tantos, os obsessivos-compulsivos?

O pensamento obsessivo é uma defesa contra a ansiedade excessiva. Sua mente concluiu que é menos pior ter estes pensamentos mórbidos do que encarar de frente outros pensamentos dolorosos que ela jogou para o inconsciente e os trancou fortemente.

Ao poder lidar com estes pensamentos e sentimentos reprimidos, de maneira mais consciente, então não haverá mais necessidade de substituí-los por outros pensamentos mórbidos, aprendendo a lidar com os pensamentos originais de maneira construtiva. Que dor/perda original produz tanta ansiedade?

Tomar consciência de pensamentos/sentimentos dolorosos que foram vividos com pessoas importantes na vida, no passado remoto ou recente, mas que foram reprimidos por alguma razão, pode não ser tarefa fácil para muita gente. A tendência da maioria de nós é deixá-los no inconsciente. Só que eles (pensamentos e sentimentos dolorosos) não ficam sossegados, inertes, pelo contrário, querem sair à tona da consciência, só que algo na mente da pessoa os proíbe de sair.

Então, fica esta luta ferrenha entre um lado da mente que quer botar para fora tudo isto (lembranças que produzem dor emocional) e outro lado que reprime e os impede de virem para o consciente. O resultado desta pressão é o que chamamos de “ansiedade”. Assim como a febre é o resultado de uma inflamação ou infecção, a ansiedade excessiva é o resultado de conflitos interiores ainda mal resolvidos na pessoa.

Então, uma boa pergunta para a pessoa com sofrimento obsessivo-compulsivo fazer a si mesmo é: “O que há em minha mente inconsciente que precisa se tornar consciente para eu lidar de frente com isto, construtivamente, e portanto não precisar mais reprimir, causando ansiedade desnecessária, e como tentativa de aliviar esta ansiedade, surgirem os pensamentos mórbidos?” J

Jesus disse que a pessoa conhecendo a verdade, a verdade a libertará. Que verdade psicológica, então, é esta que esta pessoa precisa conhecer para se tornar livre?