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Palhaços somos nós, os eleitores - 14 de outubro.
Com esse título, a revista Época (4 de outubro 2010) publicou um artigo de Ruth de Aquino, na sua coluna Nossa Antena, ela que é diretora da sucursal desta revista no Rio de Janeiro. Cito trechos da matéria dela, com comentários meus.
Já coloquei aqui em minha coluna a pergunta: “Por que não decidiram sobre os ‘fichas-sujas’ antes das eleições, priorizando este trabalho?” Ruth comenta: “os juízes do STF... por omissão ou indecisão, não conseguiram exigir ficha limpa dos candidatos antes da eleição. Contribuem assim para o voto inconsciente.” Será que estes juízes tinham algo mais urgente para decidir às vésperas das eleições de pessoas que cuidarão de nosso país nos próximos anos?
O que mais me surpreendeu sobre a vergonha do ex-governador do Distrito Federal, Joaquim Roriz (será que ele é bipolar eufórico tipo 2?), colocando sua esposa como candidata, é ver como o povo ainda votou na esposa dele, gerando, com isso, um segundo turno! O que o povo quer? Ruth chama Roriz de “marido malabarista”, pois “tudo faz para não perder a boquinha política.” O que o povo pensa quando há a informação de que ele renunciou ao Senado evitando ser cassado por corrupção? O que seus eleitores pensam? Ou não pensam? Ou pensam interesseiramente querendo manter ganhos obtidos com Roriz quando ele estava no poder e se a esposa for eleita? Ele renunciou recentemente por não se enquadrar na “ficha limpa”. Pior que este malabarismo indecente é o povo votar expressivamente na esposa dele. Roriz tem distúrbio mental ou de caráter?
Pior que Tiririca ter obtido mais de um milhão de votos, é o partido que o usou! Qual a mentalidade deste partido? Este partido denunciou a si mesmo como manipulador da opinião pública tendo um candidato que não sabe nada da função para a qual pedia votos. Como a Justiça de São Paulo não investigou antes das eleições se este humorista (de péssima qualidade) é analfabeto?
Outra tristeza para nosso povo que revela ainda um certo despreparo no votar, tem que ver com o jogador Romário. Ruth comenta: “O craque Romário, milionário e malandro, às vezes detido por não pagar pensão alimentícia à ex-mulher e aos filhos...Como deputado federal, conseguirá a façanha jogando futivôlei nas praias da zona nobre do Rio?”
Em toda eleição, desde o fim da ditadura militar, candidatos municipais, estaduais, federais prometem educar o povo. Não está funcionando. Se funcionasse o povo não votaria nestes indivíduos! No livro 12 Semanas para mudar uma vida (Editora Academia de Inteligência, 2010, p. 117 e 118), o psiquiatra Augusto Cury diz: “O modelo educacional das sociedades modernas está falido, pois desconhece essa lei fundamental da qualidade de vida. Os jovens são ensinados durante anos a resolver os problemas da matemática, mas não seus problemas existenciais. São ensinados a enfrentar as provas escolares, mas não as provas da vida: as rejeições, as angústias, as dificuldades. São ensinados a conhecer as entranhas dos átomos, mas não seu próprio ser.” Depois, na vida adulta, querem que Rivotril, Fluoxetina, dinheiro, outros bens materiais, além de autoridades corruptas resolvam tudo.
Segundo Ruth, a Câmara lançou uma radionovela visando alertar o eleitor a votar consciente e fiscalizar o trabalho dos eleitos. Diz ela: “O voto consciente é solapado quando dez juízes ganhando mais de R$26 mil por mês não conseguem decidir, antes da eleição, se a Lei da Ficha Limpa já vale neste ano ou não. É imoral não exigir de candidatos a cargos públicos o mesmo passado sem nódoas, a mesma integridade que se exige de um cidadão comum.”
Ruth conclui sua matéria dizendo: “A Lei da Ficha Limpa foi aprovada, a sociedade aplaudiu, acreditou e, agora, por uma firula jurídica, às vésperas da eleição, o presidente do STF, ministro Cezar Peluso, se diz incapaz de desempatar a indecisão do Supremo.” O que o povo do Brasil queria era o impedimento dos “fichas-sujas” não serem elegíveis e serem cassados. Já é insuportável tantos “fichas-sujas” que sabem esconder bem suas falcatruas e aparecem como “fichas-limpas”, quanto mais insuportável é o poder judiciário permitir os explicitamente corruptos serem candidatos válidos. Se cassarem os “fichas-sujas”, eleitos ou não, nos próximos dias, não parecerá brincadeira com o povo? E o povo que votou nestes corruptos, votou por ignorância? Ou por “rabo preso”? Não dá para a gente ficar tiririca com autoridades e com a ignorância do povo em votar bem? Não há psiquiatra que dê jeito nestas coisas. Só o próprio indivíduo pode desejar a cura e lutar por ela, cura física, cura mental, cura espiritual, cura do caráter. E isto não é produzido por medicamentos, sejam sintéticos ou fitoterápicos.
Cesar Vasconcellos de Souza
Saúde Mental e Você
O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.
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