Paixão e maturidade na política

terça-feira, 31 de agosto de 2010

O povo decai em moral e capacidade de lidar com emoções. Alguns paradigmas atuais são: faça o que você deseja; o importante é se sentir bem; se você se sente bem então tudo é válido. Vivemos na geração da paixão e da falta de maturidade nas pessoas em geral e, claro, nos políticos, com raríssimas exceções.

Qual o resultado desta filosofia pós-moderna? Aumento dos rompimentos familiares, da violência, do uso de drogas (álcool, etc.), do consumismo obsessivo, da depressão e de outros transtornos mentais tais como doença bipolar, fobias, compulsões, transtornos sexuais, aumento da corrupção em todos os níveis, até em igrejas, queda do respeito pelo cidadão.

Papo de idoso? Discurso moralista hipócrita? Demagogia de candidato político? Não! A ciência séria revela estes fatos. E candidatos políticos vomitam frases pré-fabricadas, vazias, prometendo saúde, segurança, educação, emprego, como se estas coisas fossem fáceis como comprar banana numa quitanda qualquer. Um nojo. Falam cheios de paixão, como se ela fosse pelo bem-estar social. Acabam revelando uma imaturidade vergonhosa e malandra. Muita cara de pau e cinismo abominável. Como aguentar?

O mundo segue dominado pela paixão. Quer mais paixão. Sem moderação. A mídia vomita esta filosofia diariamente. Programas de grande audiência escancaram depoimentos de pessoas formadoras de opinião, atrizes, atores, jornalistas, etc., cheios de nada. Em nome de “acabar com o preconceito” elogia-se, exalta-se idiotas, perversos, deturpados, viciados, pessoas de caráter muito duvidoso. E o povo aplaude. Um nojo. Que dinheirão gasto em longos programas de TV que prejudicam a educação das pessoas! O quanto poderia ser feito de útil!

Como um político poderá combater o crime, a doença, a ignorância? Construindo penitenciárias de segurança maxima? Fazendo mais hospitais? Com programas que tapeiam o pobre como se ele fosse burro?

O povo está viciado em entender saúde como ligada ao consumo de remédios e internações hospitalares. Gente, por favor, construir hospitais não produz saúde! Construir mais prisões não diminui o crime! Dar cesta básica de graça (aliás, com alguns alimentos péssimos para a saúde, como açúcar refinado, etc.) não resolve o problema de educação que o povo necessita. Dar tudo de graça não educa.

A medicina curativa e a tecnologia médica podem contribuir para a queda da mortalidade de uma população, mas isto não é o mesmo que produzir saúde. Saúde se produz com programas de educação em medicina do estilo de vida, em prevenção primária (evitar a doença surgir). Então quando você ouvir candidatos prometendo mais hospitais, entenda que estes caras estão equivocados se eles vinculam isto à ideia de dar saúde para a população! Eles estarão movidos pela paixão cega e imaturidade perversa (a pior que tem).

Paixão mata. O cara imaturo, movido a emoções, recebe uma fechada besta no trânsito, sai do carro e atira no motorista que o fechou sem querer. Outro cara enche de bala uma jovem que terminou o namoro com ele. Estes, depois, botam a mão na cabeça e dizem: “Não sei onde estava com minha cabeça!” Estava movido pela paixão, um conjunto de emoções, que em si não são o problema. Mas sendo movido por elas, crimes ocorrem, maiores e menores. Imaturidade.

O amor é maduro. Nele há muitas emoções, mas elas ficam sob o controle saudável da mente esclarecida sobre o que é melhor fazer naquela situação e sobre o que é realmente melhor para a população. Amor maduro não fica prometendo coisas impossíveis de se fazer em quatro anos num cargo público! Um político com amor maduro pode fazer muito para aliviar o sofrimento das pessoas e atuar rumo à justiça social. Mas a gente vê ao vivo um monte deles saindo no tapa em pleno trabalho! Por quê? Movidos pela paixão. A imaturidade toma conta da mente deles. E a sociedade sofre. Um nojo. E o próprio povo pode viver movido pela paixão pela falta de educação que deveria ser provida pelas famílias, pela mídia e pelos poderes sociais.

Por que o Judiciário não acelera em regime especial o julgamento dos candidatos fichas-sujas? Para que se obtenha as sentenças antes das eleições? Paixão? Imaturidade? Conivência? Acúmulo de processos? Não seria prioridade julgar estes casos antes das eleições para evitar que perversos e ladrões sejam eleitos e re-eleitos? A outra pergunta, talvez mais importante, é: por que o povo reelege ladrões? Paixão e imaturidade grupal?

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César Vasconcelos de Souza

Cesar Vasconcellos de Souza

Saúde Mental e Você

O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

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