Os cinco passos para a aceitação

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Como aceitar dores que a vida nos impõe? Como encarar a realidade dura sem fugir e sem desesperar? Como aceitar todas as perdas, as mudanças e os problemas que a vida e as pessoas arremessam sobre nós?

Elisabeth Kübler-Ross, psiquiatra norte-americana, identificou em seu livro "Sobre a Morte e o Morrer”, o processo de aceitação de dores, perdas, problemas, na vida humana, descrevendo os 5 passos ou estágios que passamos por eles diante de fatos na nossa existência.

Os estágios são:

• Negação – "Isso não pode estar acontecendo!”;

• Raiva – "Por que eu? Não é justo”;

• Negociação – "Me deixe viver apenas até meus filhos crescerem”;

• Depressão – "Estou tão triste. Por que me preocupar com qualquer coisa?”;

• Aceitação – "Tudo vai acabar bem”.

 1) Negação: Ocorre o choque, pânico, recusa de aceitar ou reconhecer a realidade. Faz-se tudo para colocar as coisas de volta ao lugar ou fingir que a situação não está ocorrendo. Há ansiedade e medo. Geralmente a pessoa dorme muito, tem ideias fixas, comportamentos compulsivos, mantém-se ocupada. A negação é o amortecedor da alma. É uma reação natural à dor, à perda e à mudança.  Ela nos protege das pancadas da vida até que possamos usar outros recursos para lidar com a ferida.

2) Raiva: Ao deixarmos de negar nossa dor, passamos ao estágio seguinte: a raiva, a qual pode ser razoável ou irrazoável (irracional). Podemos culpar a nós mesmos, a Deus e a todos a nossa volta pelo que perdemos. É comum a pessoa dizer: "Por que eu? Não é justo!”, "Como isso ocorreu comigo?”. Neste estágio é importante desabafar. 

3) Negociação: Após acalmarmos, tentamos fazer uma negociação com a vida, com Deus, com outra pessoa, com nós mesmos. A ideia da negociação é que se fizermos tal e tal coisa, ou se alguém fizer isso ou aquilo, não teremos de sofrer a perda.

4) Depressão: Ao perceber que nossa negociação não funciona, quando ficamos exaustos com nossos esforços para nos defender da realidade e quando decidimos reconhecer o que a vida nos reservou, ficamos tristes e, às vezes, muito deprimidos.

A essência da tristeza: lamentar ao máximo. É hora de chorar, e isso machuca. Este estágio do processo começa quando modestamente nos entregamos.

5) Aceitação: Depois de fechar os olhos, gritar, espernear e negociar, finalmente sentimos a dor, e chegamos ao estado de aceitação. Dra. Elisabeth Klüber-Ross escreveu: "Não é uma sensação resignada e desesperançosa de ‘desistir’, de pensar ‘qual é o propósito’ ou ‘não aguento mais lutar’, embora também ouçamos essas colocações. Elas indicam o começo do fim da luta, mas não representam indicações de aceitação. A aceitação não deve ser confundida com um estágio feliz. É quase uma ausência de emoções. É como se a dor tivesse passado, a luta tivesse acabado.” p.165

Ficamos em paz com as coisas como são. Estamos livres para ficar, livres para ir, livres para tomar quaisquer decisões que precisemos tomar. Aceitamos nossa perda, por menor ou maior que seja. Nos ajustamos e nos reorganizamos. Crescemos com a nossa experiência. Paramos de correr, de esquivar-nos, de controlar e de nos esconder.

Conclusão: Não é confortável atravessar estes estágios. Na verdade, é incômodo e às vezes muito doloroso. Podemos sentir-nos como se nos estivéssemos despedaçando. No começo da aceitação geralmente sentimos choque e pânico. Podemos nos proteger com a negação até estarmos preparados para lidar com a perda. Devemos sentir culpa e raiva até eliminá-las de nós. Devemos tentar negociar e devemos chorar.

Não temos que deixar que os estágios ditem nosso comportamento, mas precisamos passar em cada estágio o tempo individualmente apropriado. Para uns cada estágio é mais rápido do que para outros.

 "A única maneira de sair é atravessando.” Fritz Perls, o pai da terapia Gestalt p.167


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César Vasconcelos de Souza

Cesar Vasconcellos de Souza

Saúde Mental e Você

O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

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