Colunas
O que fazer com uma criança birrenta?
Tempos atrás uma revista de notícias colocou na capa a foto de dois filhos de mãos dadas com seu pai e sua mãe. A foto mostrava os pais na estatura de crianças de uns 8 anos de idade, enquanto que as crianças estavam no tamanho de adultos.
Esta imagem reflete a realidade de muitos lares, não só em nosso país, mas em outros também, na qual os pais parecem se sujeitar aos desejos de seus filhos, serem muito permissivos e ficando em dúvida sobre como exercer autoridade para com as crianças.
Importante pensar que as crianças não se tornam mais felizes quando damos a elas tudo o que elas querem. Colocar limites é importante para ensiná-las um comportamento útil para o enfrentamento da realidade no futuro. Uma criança criada sem limite ou com limites frouxos, pode chegar na vida adulta e, por exemplo, se irritar porque o segurança do banco não a deixou entrar dez minutos após o horário normal de expediente.
Por que tantos pais são permissivos? Será que se sentem culpados de exercer a autoridade devida no lar para com os filhos? Têm medo de exigirem das crianças e adolescentes comportamentos corretos, com disciplina, cumprimento de horários, respeito, participação em tarefas domésticas e eles se rebelarem?
Filhos criados em lares ditatoriais ou muito liberais, ao chegarem na vida adulta podem apresentar problemas de conduta. Disciplina frouxa ou dura demais, cria conflitos que aparecem na vida adulta, seja no trabalho, no casamento ou no ambiente acadêmico.
Outro dia ao pegar meu carro estacionado numa rua secundária no centro da cidade, vi do outro lado da calçada uma criança pirracenta de uns 4 anos de idade. Ela estava com a que poderia ser sua mãe. Chorava, gritava, se jogava no chão, esperneava, e a mãe falava para ela parar com aquilo, sem agressividade. Como esta criança chegou neste ponto? Certamente não foi do dia para a noite. Algumas ideias que podem ajudar você papai e mamãe a lidar com seu filho birrento podem ser:
1 - Nenhum criança nasce pirracenta. Ela aprende isto. Alguma permissividade ocorre dos pais para com ela, e ela percebe e manipula com a birra. Talvez, então, seja possível mudar este quadro se os pais passarem a exigir um comportamento adequado da criança ao invés de deixar para lá. Uma criança pequena precisa ser ajudada a aprender a ter autocontrole emocional. E os pais são os primeiros responsáveis para ensiná-la.
2 - Até que uma criança aprenda a se comportar melhor ela vai tentar manipular e desafiar os pais, que precisam exercer autoridade com firmeza, consistência, bom senso e serenidade. Assim a criança cederá por ver que não conseguirá o que quer com pirraça.
3 - Cuidado pai e mãe para não atuar com sua criança movido pela raiva. Procure acalmar-se antes de aplicar alguma disciplina com seu filho. Respire fundo, pense, e se você perceber que sua raiva está muito forte e que possivelmente irá perder seu controle para com a criança, espere. Dê um tempo para se acalmar. Depois, quando o “sangue esfriar”, vá e fale com a criança, aplicando a disciplina necessária.
4 - Dando a ordem ao filho (hora de tomar banho, de juntar os brinquedos etc.) seja firme. Não fique dando explicações como que pedindo desculpas para a criança. Fale firme, com segurança, dizendo que ela não pode repetir comportamento inadequado.
5 - Não prometa o que não irá cumprir, só para acalmar a criança. Ao exigir corretamente algo dela, mantenha sua palavra sem voltar atrás para não perder a autoridade.
6 - Cuidado com pensamentos tipo: “Ele é assim mesmo”, “Não tem jeito”, “Nem o pai consegue”, “Já fiz de tudo e nada adiantou”. Dizer isto é rotular a criança o que prejudica a possibilidade dela mudar para melhor.
7 - Procure informações sobre como melhor educar seu filho. Se interesse por isso.
Baseado no artigo “Criança Birrenta”, Charlise Alves, Vida e Saúde, Set 2018).
Cesar Vasconcellos de Souza
Saúde Mental e Você
O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.
A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.
Deixe o seu comentário