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Justiça social?
Ansiamos por um mundo com justiça. Se pudermos fazer algo, mesmo que pequeno, em nossa esfera de ação, que promova a justiça, isto contribuirá para um mundo melhor. Mas infelizmente isto não irá ocorrer. As doenças aumentam, voltam. A violência cresce. A corrupção avança em todos os níveis. O povo simples e mais pobre sofre. Os ricos ficam mais ricos.
No mundo da liderança política e empresarial existe uma pergunta importante neste contexto de prática de justiça: será que um líder social quer defender uma lei que favorece a população ou que favorece seu partido ou empresa?
O que interessa ao mundo corporativo e político mal intencionados não é o alívio do sofrimento das pessoas. Não parece existir desejo de justiça, de equidade social, de compartilhamento, mas de competição, egocentrismo, materialismo. Não é sem razão que a depressão avança no mundo todo e deverá ser a segunda doença do mundo em 2020 e a primeira em 2030. Olhamos globalmente, e não vemos esperança. E a desesperança está no centro do pensamento depressivo que pode se tornar suicida.
Muita coisa poderia ser feita por meios políticos e de instituições governamentais e privadas, que traria justiça. Por exemplo, a reforma da previdência é algo bom ou não para a população? Tirar radares das estradas ajuda ou não? E tantas outras coisas.
Meu trabalho me faz viajar bastante para apresentar palestras, gravar programas de televisão, de rádio, e nas viagens vejo tanta coisa injusta que poderia ser resolvida se houvesse cooperação do governo e de empresas privadas!
Há uma rede de restaurantes em várias rodovias do Brasil, como na rodovia Presidente Dutra que liga o Rio de Janeiro a São Paulo, que cobra preços abusivos em suas lojas. Empresas de ônibus fazem uma parada nestes restaurantes e pessoas simples, com aspecto pobre ficam sem opção quanto à alimentação numa viagem longa, tendo que comprar produtos caros demais nesta rede de restaurantes, ou ficarem com fome até o destino. Maldade.
O mesmo ocorre em lanchonetes de aeroportos, onde os preços das bebidas e alimentos são abusivos. E vemos que há um cartel ali porque todos cobram o mesmo valor abusivo pelo mesmo produto. Não há concorrência de preços.
O presidente da República decidiu mandar tirar os radares de rodovias federais em nosso país. Isto ajuda a população? Concordo que milhares de radares foram colocados em ruas de cidades e rodovias com intenção de arrecadar dinheiro. Mas há radares necessários. Estatisticamente se comprovou que ajudaram a reduzir o número de acidentes com vítimas fatais ou não.
A solução justa poderia ser: só ter radar onde tiver sinalização avisando, e só ter sinalização dizendo “Fiscalização Eletrônica” se realmente houver radar instalado e funcionando ali. E manter os radares justos, devidamente sinalizados em locais onde já houve queda no número de acidentes. Não seria justo assim? A solução não é 8 ou 80. Ou tira tudo, ou deixa tudo.
Agora veja o futebol. Há mais de 20 anos já comentei aqui que seria um ato de justiça cronometrar a partida de futebol, igual no basquete. A bola parou, o relógio para. A partida poderia ter 30 minutos de bola corrida. Quanta injustiça poderia ser evitada se a partida de futebol fosse cronometrada. Evitaria cera por parte dos jogadores, atrapalharia a ação de juízes corruptos e não creio que tiraria a vibração das partidas, da mesma forma que não tira no basquete. O povo quer isto? A CBF quer isto? Ou continuar um esporte cheio de injustiça devido à regras que poderiam ser mudadas, ajustadas?
Todos sofremos devido ao aquecimento global. Por que ele existe? Por causa de ganância humana. Quem pode ter ar condicionado no carro, no trabalho e em casa, não se preocupa com isto. Mas e quem não pode? Não vamos nos iludir. O mundo está piorando. O avanço tecnológico não está produzindo justiça social, alívio do sofrimento dos mais pobres. Há angústia entre as nações. Estamos no fim do fim.
Cesar Vasconcellos de Souza
Saúde Mental e Você
O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.
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